Nova Economia Institucional
Culturalismo
Economia da Estratégia
Área
Estratégia em Organizações
Tema
Economia de Empresas, Instituições e Organização Industrial
Autores
Nome
1 - Gabriel Guimarães Marini UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - DCP-FFLCH
Reumo
Assim como na era clássica da economia, o inquérito fundamental desta ciência continua
girando em torno das fontes do desenvolvimento. Quatro grandes narrativas e hipóteses são,
hoje, mais salientes: a hipótese do determinismo geográfico; a da influência negativa dos
policy makers; a culturalista e, por fim; a novo-institucionalista (ACEMOGLU E
ROBINSON, 2012). Estas últimas duas narrativas abrangentes possuem contrapartes na
análise microeconômica ou na criação de modelos estratégicos, como no modelo novo-
institucionalista de Williamson (1985) e no framework culturalista de Hofstede (2011).
Sendo a versão mais popular do novo-institucionalismo a defendida, polemicamente, por
Acemoglu e Robinson (2012) - ainda que outros autores tenham moderado o monismo da
escola em questão ao aceitarem pressupostos culturalistas -, esta pesquisa tem por objetivo
comparar o culturalismo e o novo-institucionalismo por meio de um levantamento
bibliográfico crítico. Além disso, será proposta uma leitura culturalista do modelo de
fronteiras verticais de Williamson (1985) e um framework estratégico que considere tanto
variáveis culturalistas quanto institucionais, aproximando, pois, as duas escolas.
Novo-institucionalismo: Descendente do trabalho de North e Thomas (1973), que relia a
história econômica por meio dos Custos de Transação, e do giro político realizado pelo autor
prêmio Nobel e seus parceiros, Acemoglu e Robinson (2012) defendem uma explicação
monista em que a economia depende das instituições políticas. Culturalismo: Iniciada pelo
trabalho de Weber (2014), crítico da visão materialista em economia, autores como Fukuyama
(1995) e Peyrefitte (1999) sublinharam a importância da confiança social nos resultados
econômicos, ressaltando o caráter moral da dismal science.
Sabendo-se que Fukuyama (1995) sublinha as fontes culturais dos Custos de Transação, o
modelo de Williamson (1985) baseado no índice especificidade de ativos – uma variável
coaseana por excelência- pode ser reinterpretado por meio de um índice de confiança social.
Além disso, um modelo heurístico de decisões de quatro loci, dependente das variáveis
confiança social espontânea e complexidade econômica, pode ser derivado, levantando o
aspecto prático de toda a discussão em torno da querela teórica entre o culturalismo e o novo-
institucionalismo.
O presente artigo mostrou que há espaço para a aproximação entre as duas escolas analíticas
em questão, com proveitos tanto teóricos quanto práticos. Falta, entretanto, um estudo estatístico detalhado para validar os modelos propostos. Além disso, outros focos teóricos da
microeconomia, como a teoria GHM e os estudos de Milgrom e Roberts, conforme
didaticamente explicados nos textos tradicionais de Economia da Estratégia, são prováveis
candidatos para novas reinterpretações culturalistas.
ACEMOGLU, Daron, ROBINSON, James. Por que as nações fracassam. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2012.
FUKUYAMA, Francis. Trust. Londres: Hamish Hamilton, 1995.
HOFSTEDE, Geert. Dimensionalizing Cultures in Online Readings in Psychology and
Culture, 2 (1), 2011.
NORTH, Douglass, THOMAS, Robert; The Rise of the W. World, Nova Iorque: CUP,
1973.
PEYREFITTE, A. A Sociedade de Confiança. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999.
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Martim Claret,
2014.
WILLIAMSON, Oliver. The Economic Inst. of Capitalism. Londres: Free Press, 1985.