Resumo

No processo de internacionalização, as formas de inserção são associadas ao surgimento de informações assimétricas e de riscos substanciais, principalmente nos mercados emergentes. Assim, a internacionalização enfrenta a diversidade dos cenários estratégicos e das decisões que dependem do comportamento no reporte informacional feito pelas empresas. Nessa perspectiva, firmas com atuação no exterior, via diferentes abordagens de ingresso no mercado internacional, podem divulgar mais informações ao mercado. Isso seria um meio de resguardar e proteger stakeholders contra riscos do negócio.

O estudo aponta a seguinte questão de pesquisa: Como se relacionam a internacionalização e o disclosure de riscos nas maiores companhias abertas brasileiras? Assim, este trabalho tem o intuito de investigar a relação entre a internacionalização e a divulgação de riscos nas empresas do ranking das maiores empresas de capital aberto do Brasil, representadas por aquelas listadas entre as “Melhores e Maiores” da Revista Exame nos anos de 2017 a 2019. Esta pesquisa examina o perfil de internacionalização das empresas a partir de indicadores disseminados nas literaturas nacional e internacional.

As formas de inserção internacional são associadas ao surgimento de informações assimétricas e de riscos substanciais, principalmente nos mercados emergentes. A internacionalização enfrenta a diversidade dos cenários estratégicos e das decisões que dependem do comportamento no reporte informacional feito pelas empresas (FILATOTCHEV; POULSEN; BELL, 2019). Nessa lógica, firmas com atuação no exterior, via diferentes abordagens de ingresso no mercado internacional, podem divulgar mais informações (DUARTE et al., 2019) como meio de resguardar e proteger stakeholders contra riscos do negócio.

A amostra reúne 111 companhias abertas listadas nas “Melhores e Maiores” da Revista Exame dos anos de 2017 a 2019. O perfil de internacionalização foi avaliado por meio de quatro indicadores: participação estrangeira no capital social, internacionalização das ações, internacionalização das receitas e internacionalização dos mercados. A análise de conteúdo da seção 4 dos Formulários de Referência indicou o nível de disclosure de riscos não financeiros, com aplicação de um checklist com 31 fatores de risco. Foram aplicados estatística descritiva e testes de diferença entre médias.

Os resultados dos testes de diferença entre médias mostram que existem diferenças significativas no disclosure de riscos de dano, de integridade e estratégicos entre os grupos de empresas internacionalizadas e não internacionalizadas em cada indicador investigado, em razão da inserção internacional das empresas. Além disso, o nível de disclosure de riscos não financeiros geral indica sofrer interferência da internacionalização na amostra de empresas, o que converge com os pressupostos da teoria do disclosure.

Conclui-se que a forma de inserção internacional da empresa, e não o seu perfil de internacionalização de modo geral, pode explicar a transparência em termos de informações sobre riscos corporativos não financeiros, refutando a hipótese da pesquisa, o que levanta indícios sobre a necessidade de novos estudos sobre os constructos – internacionalização de empresas e disclosure de riscos não financeiros, especialmente os voltados às formas de relacionamento das empresas com outros países e mercados.

ALMENDRA, R. S. et al. Internacionalização, risco sistemático e disclosure de riscos em empresas listadas na BM&FBovespa. Enfoque: Reflexão Contábil, v. 37, n. 3, p. 73-91, 2018. DUARTE, D. L. et al. Disclosure de governança corporativa e o nível de internacionalização das empresas no mercado de capitais brasileiro. Advances in Scientific and Applied Accounting, v. 12, n. 3, p. 3-21, 2019. FILATOTCHEV, I.; POULSEN, A.; BELL, R. G. Corporate governance of a multinational enterprise: firm, industry and institutional perspectives. Journal of Corporate Finance, v. 57, p. 1-8, 2019.