Ativos intangíveis
Risco da firma
Empresas inovadoras
Área
Finanças
Tema
Contabilidade para usuários externos
Autores
Nome
1 - Pedro Jorge Pinheiro da Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FACULDADE DE ECON. ADM. ATUÁRIA E CONTABILIDADE (FEAAC)
2 - Antonio Rodrigues Albuquerque Filho Centro Universitário Estácio do Ceará (Estácio FIC) - Centro
3 - Alessandra Carvalho de Vasconcelos UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FEAAC
4 - Editinete André da Rocha Garcia UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FEAC
5 - MARILENE FEITOSA SOARES UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - departamento de contabilidade
Reumo
Os ativos intangíveis são de difícil avaliação. A inexistência de mercados comparativos pode gerar instabilidade dentro da empresa, devido à sua característica volátil, reforçando a complexidade tanto na identificação quanto na mensuração de tais bens. Ademais, dado o nível de incerteza e especulação para o desenvolvimento de modelos de valoração dos intangíveis, isso pode acarretar limitações na divulgação das demonstrações financeiras, dificultando a sua contabilização, e ocasionando riscos durante o processo decisório.
Considerando-se as características dos ativos intangíveis, como a volatilidade, o nível de incerteza e a especulação para o tratamento desses recursos, questiona-se: Qual a relação entre a intangibilidade e o perfil de risco nas empresas mais inovadoras listadas na B3 S/A Brasil, Bolsa, Balcão? Desse modo, o presente estudo tem como objetivo geral analisar a influência dos ativos intangíveis no perfil de risco em empresas brasileiras consideradas as mais inovadoras e com ações negociadas na B3.
O estudo adota a classificação de intangíveis de Kayo (2002) – ativos humanos, ativos de inovação, ativos estruturais e ativos de relacionamento –, e considera que, devido à necessidade de investir em intangíveis, a empresa fica exposta a diferentes tipos de risco (CAVALCANTI et al., 2017). Este artigo direciona-se aos riscos na perspectiva financeira incorridos por empresas intangível-intensivas. Espera-se, com base nas hipóteses formuladas, que, no contexto das companhias inovadoras, os intangíveis, quanto a sua estrutura e representatividade, afetem o perfil de risco.
A amostra reúne 60 empresas participantes do ranking da 6ª edição do Prêmio Valor Inovação Brasil 2020. Foram analisadas as Demonstrações Contábeis referentes aos seis exercícios sociais do período 2015-2020 com base em dados financeiros extraídos da base Economática. O perfil de risco foi avaliado por meio do risco da ação no mercado de capitais (Coeficiente beta (β)). Para a análise dos dados, foram aplicadas técnicas como estatística descritiva, testes de diferenças entre médias e regressão linear múltipla, além de técnicas de validação desses dados.
As empresas com maior representatividade dos intangíveis em sua estrutura patrimonial tendem a apresentar maior risco de mercado. Destaca-se que as variáveis de representatividade dos intangíveis apresentaram significância estatística em quase todos os modelos, indicando uma influência sobre o risco. Contudo, quanto à estrutura dos intangíveis, não foi possível inferir informações sobre sua influência no risco. Ademais, destaca-se também que o endividamento acarreta o aumento do risco da firma, enquanto o desempenho pode ajudar a diminuí-lo.
Conclui-se que nas empresas brasileiras mais inovadoras os ativos intangíveis, mensurados por sua representatividade, influenciam positivamente o risco. No entanto, os testes considerando a estrutura dos ativos intangíveis não apresentaram significância estatística. Reforça-se a importância dos ativos intangíveis para as organizações, ressaltando-se os efeitos desses bens no perfil de risco, especificamente nas empresas intangível-intensivas, que possuem características de inovação, proporcionando um diferencial nas competições de mercado.
CAVALCANTI, J. M. M. et al. Proposta de convergência teórica das perspectivas das finanças e da contabilidade na avaliação de ativos intangíveis. Revista Universo Contábil, v. 13, n. 4, p. 177-193, 2017.
KAYO, E. K. A estrutura de capital e o risco das empresas tangível e intangível intensivas: uma contribuição ao estudo da valoração de empresas. 2002. Tese (Doutorado em Administração) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
LEV, B. Intangibles: management, measurement and reporting. Washington: Brookings Institution Press, 2001.