1 - Manoel Bastos Gomes Neto PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós-Graduação em Administração
2 - Carolina Maria Mota santos PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Administração
Reumo
Apesar dos esforços voltados para promoção da igualdade e das inúmeras conquistas direcionadas à defesa das minorias sexuais, situações de exclusão e discriminação contra pessoas LGBT+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros) ainda persistem. A vigilância pela normatização do gênero, realizada pela sociedade e pelo Estado, estabelece que indivíduos LGBT+ enfrentem constantemente dificuldades relacionadas às questões morais, sociais, religiosas e políticas que impactam diretamente suas perspectivas de vidas, suas carreiras e seus direitos.
Diante da necessidade de entender e discutir como os estudos e a academia vem debatendo e contribuindo para a inclusão de indivíduos transexuais e travestis no mercado de trabalho. Esta pesquisa busca aprofundar-se nas temáticas gênero, diversidade e trabalho, tendo como objetivo revisar a literatura que explora a travestilidade e transexualidade nos estudos de administração e gestão.
Os estudos apontam que devido as organizações serem administradas como entidades neutras e assépticas, a diversidade de gênero é negligenciada e indivíduos transexuais e travestis são discriminados (Carrieri, Sousa & Aguiar, 2014; Irigaray, 2010; Irigaray, 2008). Assim, o mercado de trabalho se apresenta como um ambiente hostil para os indivíduos que fogem da relação sexo/gênero determinada pelo binarismo e heterossexismo (Almeida & Vasconcellos, 2018; Baggio, 2017; Caproni Neto & Saraiva 2014).
Embora a discussão referente a diversidade nas organizações tenha iniciado em meados dos anos 80 (McFadden, 2015), os estudos com pessoas travestis e transexuais mostram um início mais tardio. No âmbito internacional o debate sobre a temática se mostrou tímida até o ano de 2016, desafio ainda não superado na academia de administração nacional. Os estudos nos contextos organizacionais internacionais ultrapassam a discussão sobre discriminação vivenciada por indivíduos trasvestis e transexuais e exploram os impactos da inclusão desse público para performance das empresas.
As análises inicias indicam que mesmo após 16 anos da primeira publicação na área da administração no Brasil, ainda existe um número limitado de pesquisa nas revistas e eventos científicos nacionais. Além disso, a academia brasileira não acompanhou o período de crescimento sobre a temática que iniciou em 2017 na literatura internacional. Os resultados da revisão indicam que os estudos, autores e periódicos estão concentrados majoritariamente em países Europeus ou da América do Norte, sendo os Estados Unidos e a autora O'Sheao destaque na produção acadêmica sobre o tema.
Baggio, MC (2017). Sobre a relação entre pessoas trans e as organizações: novos temas para estudos sobre diversidade organizacional. REGE-Revista de Gestão , 24 (4), 360-370.
Carrieri, A. D. P., Souza, E. M. D., & Aguiar, A. R. C. (2014). Trabalho, violência e sexualidade: estudo de lésbicas, travestis e transexuais. Revista de Administração Contemporânea, 18, 78-95.
Paniza, M. D. R., & Moresco, M. C. (2022). À margem da gestão da diversidade? Travestis, transexuais e o mundo do trabalho. Revista de Administração de Empresas, 62.