Resumo

A inovação é considerada um importante instrumento na geração de mudanças em uma organização e no ambiente no qual ela se insere, sendo oriundo da interação de diferentes atores que coexistem em um território e fatores econômicos, sociais, político-institucionais e de infraestrutura que atuam condicionando e fomentando novos processos, produtos e tecnologias.

Quais fatores econômicos, sociais, político-institucionais e de infraestrutura condicionam um ambiente inovador municipal, pautado na cooperação entre múltiplos atores? O objetivo geral é analisar fatores econômicos, sociais, político-institucionais e de infraestrutura de municípios brasileiros que condicionam a formação de um ambiente inovador.

A inovação muitas das vezes é construída através de ecossistemas de inovação e processos rotinizados de busca, experimentação e imitação, envolvendo a aprendizagem coletiva e cooperação em redes organizacionais, na qual são trocadas informações e conhecimentos essenciais para a criação e difusão das inovações, sendo o Estado um agente central das transformações econômicas, sociais e políticas.

Adotou-se uma abordagem quantitativa, por meio da revisão linear múltipla, para uma amostra de 100 municípios. Definiu-se como variável dependente o ambiente inovador municipal e como variáveis independentes utilizou-se a complexidade econômica, formalidade do mercado de trabalho, população vulnerável, taxa de matrícula no ensino superior, qualificação do servidor público, transparência municipal, acesso à internet de alta velocidade e um indicador de sustentabilidade ambiental.

Os resultados demonstram que a coexistência de múltiplas empresas, com diferentes especialidades, em um território condiciona positivamente um ambiente inovador, juntamente com o número maior de ingressantes no ensino superior e uma administração pública com servidores mais qualificados. No entanto, destaca-se que um maior número de pessoas em vulnerabilidade social, dependente de políticas de redistribuição de renda e governos mais transparentes, condicionam negativamente a inovação, minando a confiança entre os atores.

Conclui-se que para estimular a inovação são necessárias políticas públicas voltadas à atração de empresas de diferentes especialidades, pois permitirão que diferentes conhecimentos e aprendizados sejam transmitidos entre os atores, fomentando a criatividade e a inovação. Também é possível concluir sobre o papel estratégico das instituições de ensino superior no fomento dos ambientes de inovação e na formação de recursos humanos qualificados.

CARAYANNIS, E. G.; CAMPBELL, D. F. J. Democracy of climate and climate for democracy: the evolution of Quadruple and Quintuple Helix Innovation Systems. Journal of the Knowledge Economy, v. 12, p. 2050-2082, 2021. NELSON, R. R.; WINTER, S. G. An Evolutionary Theory of economic change. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1982. PIVOTO, D.; CARUSO, C. O.; NIEDERLE, P. A. Schumpeter e a teoria do desenvolvimento econômico. In: NIEDERLE, P. A.; RADOMSKY, G. F. W. Schumpeter e a teoria do desenvolvimento econômico. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2016.