Medição de desempenho
Indicadores de desempenho
Instituições de ensino superior
Área
Administração Pública
Tema
Gestão Organizacional: Governança, Planejamento, Recursos Humanos e Capacidades
Autores
Nome
1 - Aline Duarte Moraes Castelo FACULDADE DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA - FEUC - Gestão de Empresas
2 - Carlos F. Gomes Universidade de Coimbra - Centre for Business and Economics Research, Faculdade de Economia
Reumo
As Instituições de Ensino Superior (IES) enfrentam atualmente grandes desafios na atração dos melhores alunos nacionais e internacionais, que sejam veículos de transmissão de conhecimento e de transformação da sociedade. Precisam também reter os melhores funcionários, docentes e pesquisadores, mantendo-os motivados para cumprirem os principais objetivos das IES. Para este propósito, as IES precisam de sistemas de medição e gestão de desempenho (SMGD) que monitorizem todos os recursos tangíveis e intangíveis e assegurarem que são utilizados com eficiência e eficácia.
Como componentes principais do SMGD, os indicadores de desempenho têm um papel determinante na condução da estratégia das IES, assim como na motivação dos seus recursos humanos e em especial dos docentes, recurso determinante dos processos de pesquisa, ensino e aprendizagem. Neste contexto, o objetivo do nosso estudo é avaliar a percepção dos docentes relativos ao SMGD das IES e assim dar resposta às seguintes questões de pesquisa.
- Quais as características dos diferentes indicadores de desempenho das IES ?
- Os indicadores com maior relevância para os docentes são mais utilizados pelas IES?
O sucesso dos SMGD no Ensino Superior depende da gestão eficaz dos indicadores de desempenho, que devem ser desenvolvidos e implementados considerando o contexto estratégico e operacional em que as IES se encontram. Apoiam os resultados e controlam as ações que permitem comparações entre indivíduos, departamentos e universidades (Argento et al., 2020). Podem, no entanto, também ter consequências comportamentais não intencionais (Bianchi & Rua, 2022) e provocar efeitos colaterais indesejados nos resultados do desempenho organizacional (Siverbo et al., 2019).
Para a recolha de dados utilizamos um questionário que incluiu 118 indicadores, organizados em 15 dimensões, selecionados da literatura internacional relativa à medição e gestão de desempenho de IES. Foram questionados docentes das IES públicas e privadas. Foram obtidas 125 respostas de todas as 27 unidades de federação do Brasil. A análise de dados foi operacionalizada mediante o programa estatístico SPSS. Foram executadas análise de clusters, regressão linear múltipla e análise de GAP.
Os resultados parecem indicar consistência entre frequência de uso, relevância percebida e disponibilidade da informação para a utilização dos indicadores de desempenho. No entanto, também mostram que a disponibilidade da informação tem um efeito muito maior na utilização desses indicadores do que a sua relevância. Em virtude do cenário em que vivemos, onde a preocupação com o meio ambiente é cada vez mais presente e o mundo cada vez mais globalizado, a subutilização dos indicadores da dimensão ambiental e da internacionalização exigirá maior atenção e ações dos gestores das IES.
Esta pesquisa aponta para a existência de uma forte consistência entre a utilização de indicadores e a disponibilidade de informação. Este comportamento poderá levar à utilização injustificada de indicadores sem relevância, o que pode aumentar a complexidade do SMGD, diminuir a eficácia no monitoramento de todas as dimensões do desempenho organizacional e provocar desvios comportamentais de desempenho nos docentes, pesquisadores e colaboradores administrativos. O acumular destes desvios pode ferir a cultura organizacional das IES e consequentemente diminuir o nível de atração de estudantes.
Argento, D., Dobija, D., & Grossi, G. (2020). The disillusion of calculative practices in academia. Qualitative Research in Accounting & Management, 17(1), 1–17.
Bianchi, C., & Rua, R. S. (2022). A feedback view of behavioural distortions from perceived public service gaps at ‘street-level’ policy implementation: The case of unintended outcomes in public schools. Systems Research & Behavioral Science, 39(1), 63–84.
Siverbo, S., Cäker, M., & Åkesson, J. (2019). Conceptualizing dysfunctional consequences of performance measurement in the public sector. Public Management Review, 21(12), 1801–18