Resumo

Com o avanço das tecnologias e das mídias digitais, as organizações começaram a mudar os meios convencionais de comunicação com seu público-alvo. Poucos estudos analisam os traços pessoais dos influenciadores de mídia social, embora já seja reconhecida a influência desses traços na concepção e elaboração do conteúdo consumido pelos seguidores (KI et al., 2020). Observar o lado sombrio da influência digital permite entender as relações de marketing e identificar o impacto individual e psicológico da exposição digital.

O trabalho busca conhecer os elementos envolvidos na profissão de digital influencer, buscando compreender suas principais atividades e pontos positivos e negativos. Percebe-se que essa nova profissão também tem lados obscuros, pois como o influenciador trabalha com sua imagem, ele sente a necessidade de mostrar uma boa aparência física em todos os momentos. Assim, buscamos trazer contribuições que enriqueçam a discussão sobre marketing de influência, destacando questões éticas que devem ser consideradas nessa estratégia.

O Referencial Teórico divide-se em Marketing de influência e influenciadores digitais, abordando como o marketing digital tomou uma proporção maior nos últimos anos, e os influenciadores tornaram-se importantes agentes de exposição e conversão em vendas e retornos em tempo real, e as empresas entendem o quão positiva é a autoridade desses influenciadores para aumentar o engajamento com suas marcas (SILVA et al., 2020). É tratado também sobre a construção da imagem nas mídias sociais: impactos psicológicos e corporais, e sobre os perigos das redes sociais (cancelamento).

Adotou-se uma abordagem qualitativa, pois esse tipo de abordagem é bastante adequado para estudos que buscam compreender um fenômeno como um todo em sua complexidade (GODOY, 1995). Como método de coleta, foram realizadas cinco entrevistas individuais em profundidade com influenciadores. Quanto à natureza dos procedimentos técnicos utilizados, este foi um estudo de múltiplos casos. Para a análise dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo (BARDIN, 2006).

Da Análise de Conteúdo emergiram os temas: “aspectos positivos de ser um influenciador”, “aspectos negativos de ser um influenciador”, “a construção da imagem (do corpo) no ambiente digital” e “influenciadores e sua relação com as marcas”. Cada tema foi discutido a partir da literatura prévia, estabelecendo ligações com os relatos colhidos.

Os achados sugerem que os aspectos motivadores e justificadores da profissão são a realização pessoal, flexibilidade, reconhecimento pelo público, retorno de seguidores e boa remuneração. Destaca-se como fator inibidor dos dons de ser digital influencer as críticas negativas sofridas, desencadeando comportamentos de cancelamento, a falta de estabilidade e a necessária constância de exposição. Tais aspectos negativos orientam a compreensão do lado obscuro da influência digital que gera transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2006. GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de administração de empresas, 35(2), 57-63, 1995.