qualidade de vida
ética do desenvolvimento
gestão pública
Área
Administração Pública
Tema
Gestão e Inovação em Políticas Públicas
Autores
Nome
1 - Ellyson Fernandes Rosa UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (UFG) - PPGADM
2 - Estela Najberg UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (UFG) - FACE
3 - Renato Rodrigues Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS (UFG) - Instituto de Matemática e Estatística
Reumo
Embora o século vinte tenha consagrado a democracia e a participação social como fundamentos da sociedade moderna, o mundo ainda está repleto de privações, persistência da pobreza e ameaças à vida econômica e social afetando a qualidade de vida global (SEN, 2010). Sabe-se que o fim último da administração pública é a realização do bem comum (MEIRELLES, 2002), e este se materializa na melhoria contínua da qualidade de vida (QV) dos cidadãos. Neste contexto, o administrador público precisa buscar entender as variáveis que influenciam positivamente a QV de uma sociedade.
A existência de países com baixa QV enquanto outros gozam de alta QV leva o administrador público a desejar compreender quais as variáveis que promovem um alto padrão de QV. Neste sentido, é válido tentar entender se a alta QV das nações desenvolvidas poderia ser explicada, pelo menos em parte, por determinados valores éticos entranhados nas culturas dessas sociedades que lhes permitiram se tornar nações prósperas e desenvolvidas. Dessa forma, a pergunta de pesquisa do presente projeto é: qual a relação do nível de ética do desenvolvimento dos países na QV desses países investigados?
Por meio da articulação teórica entre três obras que têm sido abordadas recentemente na comunidade científica para tratar de desenvolvimento e da qualidade de vida foi possível definir as quatro dimensões que compõem a ética do desenvolvimento, sendo elas: liberdade, ordem, comprometimento com o interesse público e cultura empreendedora privada; bem como as dimensões da qualidade de vida, a saber: saúde, educação, renda, segurança pública, acesso à justiça e tecnologia.
As avaliações das relações entre constructos e variáveis do constructo ética do desenvolvimento e qualidade de vida serão realizadas com o auxílio da técnica estatística de Modelagem por Equações Estruturais (MEE). A justificativa para a utilização dessa técnica estatística se dá em razão dos objetivos almejados. Modelos de Equações Estruturais permitem a descoberta e/ou confirmação de relações entre diversas variáveis observadas e variáveis latentes não observáveis (HAIR; ANDERSON; TATHAM; BLACK, 2005).
Valores de coeficiente de trilha evidenciam uma alta correlação entre o constructo ética de desenvolvimento e qualidade de vida, e valores do R quadrado indicam que 85,8% da variabilidade total da qualidade de vida pode ser explicada pela ética do desenvolvimento, esse é um resultado expressivo seguindo o Critério de Cohen (1988), confirmando a hipótese H1 (COHEN, 1988).
Estudos adicionais serão importantes no futuro para solidificação desta hipótese. Contudo fica claro que a ética do desenvolvimento, consolidada pelos valores: liberdade, ordem, comprometimento com o interesse público e cultura empreendedora privada tem forte ligação com a qualidade de vida de países considerados desenvolvidos pela literatura, conforme suportado pela articulação teórica das três obras analisadas (ACEMOGLU; ROBINSON, 2012; INGLEHART; WELZEL, 2009; SEN, 2010) e pelos testes empíricos realizados.
ACEMOGLU, D.; ROBINSON, J. A. Why nations fail: the origins of power, prosperity, and poverty. New York: Currency, 2012. 978-0-307-71922-5.
INGLEHART, R.; WELZEL, C. Modernization, culture change and democracy: the human development sequence. Tradução COELHO, H. M. L. P. São Paulo: Editora Francis, 2009. 978-85-89362-94-8.
ROSA, E. F.; NAJBERG, E.; NUNES, L. d. L.; PASSADOR, J. L. Como a filosofia pode iluminar a gestão pública em tempos de polarização política. Cadernos EBAPE.BR, 19, n. Especial, p. 12, 11-30-2021 2021.
SEN, A. Development as freedom. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.