Resumo

Título do Artigo

PROFISSIONALISMO COMO ATO PERFORMATIVO E TRABALHO ASPIRACIONAL EM PLATAFORMAS DE MÍDIAS SOCIAIS
Abrir Arquivo
Ver apresentação do trabalho
Assistir a sessão completa

Palavras Chave

profissionalismo
mídias sociais
trabalho aspiracional

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades

Autores

Nome
1 - Liana Haygert Pithan
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
2 - Lisiane Quadrado Closs
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO (EA/UFRGS)

Reumo

Advogado-youtuber, arquiteto-influencer, médico-tiktoker. O híbrido formado por seres distintos origina outra coisa, que não é apenas a soma das partes, nem algo completamente novo. Sobre a ciência, recai a tarefa de lidar com a inevitabilidade do híbrido. Um indivíduo de profissão com alta barreira de entrada, reserva de mercado e recompensa expressiva dedicar-se disciplinadamente à criação de conteúdo para mídia social é um fenômeno que a sociologia das profissões, os estudos sobre plataformas digitais e a literatura sobre trabalho de produção cultural, individualmente, não explicam.
O controle sobre quem acessa o saber profissional é central para uma profissão manter seus privilégios, como autonomia e autoridade, o que explica a proteção da reserva cognitiva (e não a exposição indiscriminada). Já o produtor cultural cria sem remuneração, na esperança de reconhecimento futuro, algo que, em mídia social, depende da visibilidade regrada pela sempre cambiante governança por plataformas, que define como o conteúdo pode ser criado, distribuído e monetizado. Diante deste tema de fronteira, nosso objetivo é propor uma abordagem teórica interdisciplinar desses sujeitos “híbridos”.
Seguimos a sociologia das profissões de tradição neo-weberiana (EVETTS, 2018; FREIDSON, 2007; LARSON, 2018; NOORDEGRAAF, 2020), direta ou indiretamente tributária do interacionismo simbólico. Aderimos à abordagem sobre plataformas que integra as perspectivas de estudos de software, economia política crítica, negócios e estudos culturais (POELL, NIEBORG, VAN DIJCK, 2019). Seguimos ainda cientistas sociais especializados em comunicação (CASTELLS, 2015), mídia e produção cultural (DUFFY, 2017); trabalho, cultura e tecnologia (SICILIANO, 2021).
As mudanças socioculturais têm efeito dialético sobre o trabalho; a estrutura social é crescentemente organizada em torno de plataformas digitais (POELL et al., 2019) e cada vez mais pessoas dependem de plataformas para obter ou manter trabalho. Meios de comunicação, produção e de circulação de sentido, valor e capital (GROHMANN, 2020), as plataformas se tornam espaço inescapável dos processos de comunicação que influenciam as formas de construir, manter e desafiar as relações de poder (CASTELLS, 2015), como aquelas que sustentam as autoridades das profissões.
Entendemos que sujeitos com ocupações tradicionais que criam conteúdo sobre sua profissão para mídia social fazem trabalho aspiracional (DUFFY, 2019) de produção cultural (POELL et al., 2022), submetidos à governança por plataforma, que opera como gestão do trabalho e modelo de profissionalismo organizacional (EVETTS, 2018). Ao mesmo tempo, trata-se de discurso de reivindicação de autoridade dos sujeitos sobre a profissão de origem (FREIDSON, 2007). Concluímos que o duplo papel desses indivíduos, integradamente, corresponde a visão de profissionalismo como ato performativo (NOORDEGRAAF, 2020).
DUFFY, B. E. (Not) Getting Paid to Do What You Love. London: Yale University Press, 2017. EVETTS, J. Professions in turbulent times. Sociologia, Probl. e Práticas, n. 88, p. 43–59, 2018. FREIDSON, E. Professionalism: the third logic. Cambridge: Polity Press, 2007. LARSON, M. S. Professions today. Sociologia, Problemas e Práticas, n. 88, p. 27–42, 2018. NOORDEGRAAF, M. Protective or connective professionalism?. JPO, v. 7, n. 2, p. 205–223, 2020. POELL, T.; NIEBORG, D.; VAN DIJCK, J. Platformisation. Internet Policy Review, v. 8, n. 4, 2019.