Resumo

O tipo de dado que o pesquisador pretende coletar torna-se determinante na elaboração da ferramenta que será utilizada para coletá-lo. É nesta perspectiva, de coleta e análise de dados, que escrevemos este artigo sobre vinhetas. Uma vinheta pode ser entendida como estímulos, incluindo textos, imagens ou sons, que retratam elementos da realidade. Os estímulos podem ser por meio de uma narração, um argumento ou a descrição de uma pessoa. Logo, as vinhetas podem ser meios para o pesquisador capturar os dados empiricamente e de maneira participativa, engajada e ativa.

Buscamos identificar e debater sobre quais os aspectos que os pesquisadores em Administração devem considerar no momento da construção de vinhetas? Com isso nosso objetivo é discutir e disseminar o uso da vinheta como ferramenta de coleta de dados e contribuir com os pesquisadores, de forma sugestiva, apresentando e refletindo sobre aspectos a serem considerados por ocasião da construção e utilização das vinhetas.

Ancoramos a fundamentação teórica do artigo desde estudos seminais (Finch, 1987; Gould, 1996; Hughes, 1998; Barter & Renold, 2000) até abordagens contemporâneas (Bradbury-Jones et al., 2014; Gourlay et al., 2014; Gray et al., 2019; Murphy et al., 2021) sobre a utilização de vinhetas em diversas aéreas do conhecimento.

Abordamos e discutimos características, vantagens e possíveis limitações das vinhetas, prováveis maneiras de uso, os tipos frequentemente utilizados e a construção e utilização da vinheta como ferramenta de coleta de dados. Trazemos, ainda, considerações sobre as origens, uso em outras áreas do conhecimento e fazemos considerações sobre o uso em Administração, seja em pesquisas qualitativas, quantitativas ou multimétodo.

O avanço teórico e metodológico do campo acontece a partir do rompimento da utilização de métodos, técnicas e ferramentas de coleta de dados tradicionais. As vinhetas, consolidadas na área da Saúde, poderão promover mudanças significativas para os pesquisadores em Administração. Elas são importantes não apenas para o avanço teórico, mas também para o ensino da administração. Os professores de graduação ou pós-graduação podem utilizar vinhetas para provocar debates, fomentar a reflexão nos alunos e incitar a solução de problemas junto ao processo de ensino-aprendizagem.

Barter, C., & Renold, E. (2000). I wanna tell you a story: Exploring the application of vignettes in qualitative researchwith children and young people. International Journal of Social Research Methodology, 3(4), 307–323. Finch, J. (1987). The vignette technique in survey research. Sociology, 21(1), 105–114. Gray, D., Royall, B., & Malson, H. (2019). Falando hipoteticamente - Uso de Vinhetas como método qualitativo independente. Hughes, R., & Huby, M. (2004). The construction and interpretation of vignettes in social research. Social Work and Social Sciences Review, 11(1), 36–51.