Resumo

Título do Artigo

PERCEPÇÕES TEMPORAIS E PRAZER E SOFRIMENTO NA PÓS-GRADUAÇÃO: COM A PALAVRA OS DISCENTES
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Palavras Chave

Percepções temporais
Prazer
Sofrimento

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Bem-estar e Mal-estar no trabalho

Autores

Nome
1 - Silas Dias Mendes Costa
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Belo Horizonte
2 - Samara de Menezes Lara
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Belo Horizonte
3 - Adriana Ventola Marra
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - INSTITUTO DE CIENCIAS HUMANAS E SOCIAIS - CAMPUS DE FLORESTAL

Reumo

O tempo e a execução do trabalho têm sido frequentemente associados à produtividade, por meio do controle e da medição de atividades, uma das características mais latentes do capitalismo industrial. As expressões como “tempo é dinheiro”, “tempo vale ouro” ou “tempo é uma mercadoria valiosa” têm se popularizado, refletindo o tempo como recurso valoroso (TONELLI, 2008). Sendo assim, é possível que haja um nexo entre as percepções temporais do sujeito e o sentido que ele atribui ao seu trabalho a partir das experiências vivenciadas no contexto ou na realidade que faz parte.
o objetivo deste estudo é compreender as percepções sobre o tempo e suas relações com o prazer-sofrimento a partir da perspectiva de estudantes do curso de mestrado em Administração de uma Universidade Federal. Ao revisitar estudos sobre esses temas, observa-se que as discussões tendem a focalizar o tempo objetivo em detrimento do tempo subjetivo (SHIPP; JANSEN, 2021) e as pesquisas sobre prazer-sofrimento, apesar de serem articuladas com variados temas (SALGADO et al., 2018; COSTA, et al., 2020; SOUZA et al., 2022), não consideram as questões temporais.
Bluedorn e Jaussi (2007) listam quatro dimensões temporais: policronicidade, velocidade, pontualidade, profundidade temporal e, uma meta dimensão, o arrastamento, e as formas de lidar com o tempo podem implicar nos grupos de trabalho e na capacidade laboral (KANTROWITZ et al., 2012;). Por sua vez, as contribuições de Dejours (2022, 2014a, 2012, 2008, 2006, 2004, 1994) indicam que prazer e sofrimento são indissociáveis do trabalho.A pesquisa discute a possibilidade de as percepções temporais influenciarem os sentimentos de prazer-sofrimento tendo como participantes mestrandos de Administração.
A abordagem deste estudo foi de natureza descritiva (VERGARA, 2009) e qualitativa (CRESWELL, 2007). Foram entrevistados treze mestrandos de um programa de Pós-Graduação em Administração de uma Universidade Federal, selecionados com base no critério de acessibilidade (VERGARA, 2009). Os dados foram avaliados com base na análise de conteúdo categorial (BARDIN, 2016). As unidades de registro e contexto foram organizadas a partir das categorias temáticas definidas a priori, a partir do referencial teórico, e também por novas categorias, que surgiram a partir dos relatos dos entrevistados.
A condição de policronicidade e de monocronicidade estão relacionadas à preferência dos mestrandos ou ao zelo pelo trabalho em si. Os estudantes demonstram esforços em níveis diferentes para lidar com a rotina de trabalho da forma como ela se apresenta. Velocidade e pontualidade relacionam-se com a pressão por produtividade e com a avaliação de desempenho individualizada dos mestrandos. A profundidade temporal e o arrastamento estão atrelados à busca por reconhecimento. Os sentimentos de prazer e sofrimento permeiam a falta de tempo e as discrepâncias entre o prescrito e o real do trabalho.
A subjetividade em lidar com o tempo pode resultar em prazer, quando a capacidade de se reinventar supera o fracasso em fazer cada tarefa por vez (a realidade impõe uma rotina policrômica) e em sofrimento, quando não se consegue realizar as atividades como desejado (em termos de qualidade e tempo para sua execução). A falta de cooperação potencializa competitividade e sentimento de desconfiança e o tempo torna-se um recurso valoroso dada à sobreposição de demandas e prazos em um curto espaço de tempo cronológico.
BLUEDORN, A. C.; JAUSSI, K. S. Organizationally Relevant Dimensions of time across levels of analysis, In: DANSEREAU, F.; YAMMARINO, F. J. (orgs.), Multi-Level Issues in Organizations and Time. Research in multi-level issues – v.6, Elsevier, Oxford, p.187-223, 2007 DEJOURS, C., Travail et souffrance éthique. L’institution judiciaire à l’ère gestionnaire, Délibérée, v. 15, n. 1, p. 70-75. 2022. DEJOURS, C.. A banalização da injustiça social. FGV Editora, 2006. DEJOURS, C.. La sublimation: entre clinique du travail et psychanalyse. Revue française de psychosomatique, n. 2, p. 21-37, 2014a.