1 - Juliana de Oliveira Becheri UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia
2 - Paulo Henrique Montagnana Vicente Leme UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia
Reumo
O corpo possui diversas propriedades (Valetim, Falcão & Campos, 2017), que permitem aos seres humanos experimentar o mundo físico, cultural e humano (Min & Peñaloza, 2018). No entanto, muitas vezes, na lógica dualística mente-corpo, a mente foi privilegiada sobre o corpo nos estudos de comportamento do consumidor (Joy & Venkatesh, 1994). No entanto, pesquisadores do comportamento do consumidor tem chamado a atenção para necessidade de entender o corpo, bem como, as tecnologias que o envolvem.
Tendo em vista a ênfase dos estudos sobre a cultura e as questões cognitivas envolvendo o estudo do corpo e, mais recentemente, dos dispositivos tecnológicos que o envolve; o objetivo deste artigo é investigar, destacando o papel do corpo, o consumo mundano do aplicativo STRAVA pelos ciclistas por meio da teoria da prática.
As teorias da prática se mostram uma lente teórica pertinente para apreender o objetivo deste artigo, à medida que estabelece uma visão alternativa não apenas para área do comportamento do consumo, mas também, para a análise do corpo e dos objetos tecnológicos atrelados a ele. Sob a ótica da prática, entende-se que os produtos são adquiridos e usados no curso da realização de práticas sociais da vida diária (Shove & Pantzar, 2005), integrando os processos simbólicos com recursos materiais (Magaudda & Minniti, 2019).
Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa e exploratória, na qual foi empregada a técnica de entrevistas semiestruturadas. Foram entrevistados 24 praticantes amadores de mountain bike. As análises foram realizadas por meio da técnica de análise de conteúdo na modalidade temática.
Como resultados observaram-se a existência de três fluxos de práticas denominadas de: estabelecimento do corpo funcional, estabelecimento do corpo social e superação dos limites do corpo. A prática esportiva é vista como uma forma de solucionar ou atingir um estado desejável com o corpo. Os materiais, à exemplo do aplicativo STRAVA, são utilizados como uma forma de subsidiar a prática dos indivíduos, contribuir para o aumento do senso de comunidade e favorecem na manutenção dos significados da prática de mountain bike como a superação dos limites do corpo.
O artigo demonstra por meio do circuito de Magaudda e Minniti (2019) o circuito da prática de mountain bike, destacando o papel do corpo no consumo mundano do aplicativo STRAVA e demais equipamentos utilizados pelos ciclistas. Por meio da teoria da prática o artigo destaca o contexto envolvendo este grupo de consumidores, dando uma atenção holística sobre objeto, fazer e significados.
Askegaard, S. & Linnet, J.T. (2011). Towards an epistemology of consumer culture theory: phenomenology and the context of the context. Marketing Theory, 11, 4, p. 381-404
Hyun, Jeong Min & Peñaloza, Lisa (2018). The agentic body in immigrant maternal identity reconstruction: embodiment, consumption, acculturation. Consumption Markets & Culture, v. 22, p. 272-296.
McCormack, K. M. (2017). Inclusion and Identity in the Mountain Biking Community: Can Subcultural Identity and Inclusivity Coexist? Sociology of Sport Journal, 34(4), 344–353.