Resumo

O uso efetivo dos serviços de saúde e os fatores que facilitam ou impedem esse processo é o que se pode chamar de acesso à saúde, fator fundamental para a criação e preservação de vidas saudáveis e um dos pilares para o alcance da saúde universal. Para analisar problemas nesse contexto torna-se necessária a utilização de metodologias confiáveis e adequadas, tendo em vista a multidimensionalidade que envolve a problemática. Nesse contexto, o Apoio Multicritério a Decisão se tornou um dos frameworks de maior popularidade devido seu poder de fornecer decisões robustas.

Este estudo propôs um modelo multicritério para avaliação do acesso aos serviços de atenção básica da saúde pública no Nordeste. A proposta se fundamenta nos fatores multidimensionais que afetam a problemática, tais como acessibilidade e disponibilidade. Todavia, no Brasil, a avaliação do acesso à saúde ainda é feita de forma específica, desconsiderando a multiplicidade de aspectos complexos envolvidos nesse contexto.

Os estudos na área da saúde são utilizados por decisores políticos, médicos e profissionais da saúde afim de tomarem decisões baseadas em evidências que resultem em um serviço eficiente que maximize os benefícios para todos os envolvidos (RIVERA et al., 2017). Um dos objetivos centrais na área da saúde é seu acesso, um fator complexo caracterizado pelos fatores e características que influenciam no uso dos serviços de saúde pela população (ALBARRAK; LI, 2018), sendo um tema proeminente na literatura (LEVESQUE; HARRIS; RUSSEL, 2013).

Metodologicamente, foram seguidas as principais etapas para construção de modelos multicritério, em que os critérios e as alternativas foram definidos a partir da base dados do Ministério da Saúde e o método R-TOPSIS e o método da Entropia foram utilizados para avaliar um conjunto de 1793 municípios. Ademais, também foi proposto um índice de avaliação do acesso à saúde para comparações entre os estados.

Em termos gerais, os municípios menores apresentaram melhores resultados que os de maior porte. Na análise entre os estados, o Maranhão aparece como melhor e Sergipe como o pior. Fatores como quantidade adequada de equipes e unidades, planejamento e estratégias para avanço do acesso à saúde e uma boa distribuição contribuem para a colocação dos estados no topo da classificação. Já a existência de fragilidades na atenção básica, quantidade insuficiente de equipes e celeridade mostram-se como principais razões para a colocação dos estados na base da classificação.

Em síntese, os achados mostram a necessidade de avaliar a problemática do acesso à saúde com metodologias que possam compreender os múltiplos fatores conflitantes característicos da área da saúde. Destaca-se que o estudo não busca sugerir que este seja o único modelo correto a ser utilizado, mas sim demonstrar a clareza e confiabilidade do modelo proposto.

ADUNLIN, G.; DIABY, V.; XIAO, H. Application of multicriteria decision analysis in health care: A systematic review and bibliometric analysis. Health Expectations: An International Journal of Public Participation in Health Care and Health Policy, v. 18, n. 6, p. 1894–1905, 2015. MUHLBACHER, A. C.; KACZYNSKI, A. Making good decisions in healthcare with multicriteria decision analysis: the use, current research and future development of MCDA. Applied Health Economics and Health Policy, v. 14, n. 1, p. 29–40, 2016.