Resumo

Título do Artigo

Epistemologia e ciência administrativa: uma análise de pesquisas fenomenológicas sobre a liderança
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Palavras Chave

epistemologia
fenomenologia
liderança

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Epistemologias e Ontologias em Estudos Organizacionais

Autores

Nome
1 - Vicente Reis Medeiros
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL (PUCRS) - PPGAD
2 - Ana Clarissa Matte Zanardo Santos
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL (PUCRS) - Programa de Pós-Graduação em Administração
3 - Caroline Capaverde
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL (PUCRS) - PPGAd
4 - Eder Henriqson
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL (PUCRS) - Escola de Negócios

Reumo

A epistemologia trata do estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das diversas ciências (Japiassu, 1979). Na administração, o debate busca contribuir com seu aperfeiçoamento (Serva, 2013) e o campo da liderança se apresenta frutífero, visto ser um dos processos sociais mais complexos. No entanto, poucos estudos utilizam a abordagem fenomenológica para aprofundar a liderança. Seja como método, seja como filosofia, a fenomenologia consiste em descrever os objetos intencionais da consciência para torná-los visíveis e manifestos (Thévenaz, 1962).
Há evidências de que o mainstream dos estudos de liderança se enquadra no paradigma funcionalista e adota uma abordagem positivista. Desse modo, buscamos compreender como se caracterizam, do ponto de vista epistemológico, os estudos interpretativos de liderança. Essa análise foi feita a partir do escrutínio de quatro artigos recentes que olharam para a liderança a partir da abordagem fenomenológica.
Em fenomenologia, a consciência é intencionalidade e possui natureza transcendental. Assim, o objeto do conhecimento só pode ser definido em sua relação com a consciência por ser sempre objeto-para-um-sujeito. É a consciência intencional que faz o mundo aparecer como fenômeno (Zilles, 2008). Em virtude da intencionalidade, a própria noção de uma realidade em si torna-se absurda (Thévenaz, 1962). Husserl (2008) não duvida da existência do mundo exterior. O que propõe é reduzi-lo ao fenômeno na consciência, suspendendo o juízo para chegar ao fenômeno puro.
Na abordagem interpretativa, a fria exatidão da medida dá lugar a uma prática de exercício interpretativo que respeita as particularidades do sujeito. Assim, busca-se compreender a experiência subjetiva dos indivíduos e em que as teorias são construídas a partir do ponto de vista do ator individual. A contribuição desta análise é instigar por novas possibilidades. Ao se mudar a relação com o conhecimento, muda-se o olhar para o fenômeno, consequentemente mudam-se as técnicas de análise e, enfim, novas avenidas de pesquisa podem emergir.
O que determina o posicionamento ontológico do pesquisador (e que consequentemente determinará seu posicionamento epistemológico): a crença (fé), a autoevidência (intuição) ou a conveniência (consenso) de que a realidade é objetiva ou subjetiva? Cada escolha levará a caminhos distintos com a esperança de que todos possam ser percorridos. O que entra em jogo é uma espécie de flexibilidade mental do pesquisador para perceber que, como escreve Japiassu (1979), o que se tem hoje é um conhecimento-processo e não mais um conhecimento-estado.
Husserl, E. (2008). A ideia da fenomenologia. Lisboa: Edições 70. Japiassu, H. (1979). Introdução ao pensamento epistemológico. 3. ed. Rio de Janeiro: F. Alves. Serva, M. (2013). O surgimento e o desenvolvimento da epistemologia da administração. Revista Gestão Organizacional, 6(3), p. 52-64. Thévenaz, P. (1962). What is phenomenology? And other essays. Chicago: Quadrangle Books. Zilles, U. (2008). A fenomenologia husserliana como método radical. In: Husserl, E. A crise da humanidade europeia e a filosofia. 3. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS.