Qualidade da universidade
Egressos
Mercado de trabalho
Área
Administração Pública
Tema
Gestão Organizacional: Governança, Planejamento, Recursos Humanos e Capacidades
Autores
Nome
1 - José Roberto Abreu de Carvalho Junior UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Viçosa
2 - Wescley Silva Xavier UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Viçosa
3 - Marco Aurelio Marques Ferreira UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - PPGADM
Reumo
A literatura mundial tem entendido atualmente que, como houve uma grande expansão do acesso ao ensino superior no mundo todo, o simples aspecto quantitativo de uma maior escolaridade pode ter diminuído o valor do diploma universitário para o sucesso dos egressos do ensino superior no mercado de trabalho. Assim, a qualidade da educação recebida na universidade poderia ser um diferencial para o sucesso de indivíduos no mercado de trabalho em uma sociedade na qual o diploma universitário se torna cada vez mais comum.
Ainda pouco se sabe se o diploma de ensino superior produz ganhos distintos para os indivíduos no mercado de trabalho em função da universidade frequentada, ou mais precisamente, pela qualidade da sua universidade. Diante de uma escassez de pesquisas sobre o tema, especialmente no Brasil, o objetivo do artigo foi analisar a influência da qualidade da universidade sobre os ganhos dos egressos no mercado de trabalho.
Para a Teoria do Capital Humano (BECKER, 1964; SCHULTZ, 1961), o nível de escolaridade do indivíduo é um dos determinantes da sua posição no mercado de trabalho. Lucas (2001) acrescentou à Teoria do Capital Humano uma dimensão horizontal da escolaridade: o da diferenciação da formação através da presença em universidades de maior qualidade. De fato, sua tese converge com a Teoria da Sinalização (SPENCE, 1973), que aponta que empregadores frequentemente utilizam o nome e o prestígio da universidade como um sinal para identificar os profissionais mais qualificados no mercado de trabalho.
Aplicamos um questionário eletrônico a uma amostra final de 11.458 egressos, de 248 cursos de graduação, de todas as áreas do conhecimento, de 18 universidades federais, das cinco regiões do Brasil. Utilizamos o Índice Geral de Cursos (IGC) como uma medida para representar a qualidade da universidade, nossa variável independente. Os ganhos no mercado de trabalho são representados pela ocupação e remuneração dos egressos, nossas variáveis dependentes. Realizamos duas Regressões Logísticas Multinomiais para a análise dos dados. Os modelos de regressão reúnem diferentes variáveis de controle.
Os resultados sugerem que a qualidade da universidade federal não tem influência sobre o nível de escolaridade da ocupação dos egressos. Ou seja, egressos de universidades de maior qualidade trabalham em ocupações tão qualificadas quanto os egressos de universidades de menor qualidade. No entanto, os resultados sugerem que a qualidade da universidade tem influência positiva sobre a remuneração dos egressos, mas somente para aqueles que ganham entre 4 e 20 salários mínimos.
Em resumo, os resultados sugerem que a qualidade da universidade não tem influência sobre a ocupação, mas tem influência sobre a remuneração dos egressos, uma vez que, em geral, egressos de universidades de maior qualidade são mais prováveis a receberem maior remuneração do que os egressos de universidades de menor qualidade.
BECKER, G. S. Human capital: a theoretical and empirical analysis. New York: Columbia University Press, 1964.
LUCAS, S. R. Effectively maintained inequality: education transitions, track mobility, and social background effects. American Journal of Sociology, v. 10, n. 6, p. 1642–1690, 2001.
SCHULTZ, T. W. Investment in human capital. The American Economic Review, v. 51, n. 1, p. 1–17, 1961.
SPENCE, M. Job market signaling. Quarterly Journal of Economics, p. 355–374, 1973.