Resumo

No contexto da profissão contábil, a mulher tem um papel relevante na manutenção de ideologias (Farjaudon & Morales, 2013), além de fornecer regulação de sistemas contábeis, demonstrações financeiras e informações para tomada de decisões. Assim, apesar de representarem 43,24% dos registros ativos (CFC, 2022), as desigualdades permanecem. Silva (2016) menciona que existem barreiras simbólicas que impossibilita a ascensão das mulheres em cargos mais altos nas empresas. Assim, apesar dos avanços das últimas décadas, o viés de gênero ainda evidencia barreiras para as mulheres (Silva et al, 2021).

A presente pesquisa tem por objetivo investigar qual o perfil das publicações em periódicos brasileiros sobre gênero, especificamente no que tange à participação das mulheres dentro do campo da contabilidade.

Derivado dos papéis sociais, o conceito de gênero foi desenvolvido na segunda onda feminista para revelar a existência de diferenças na construção histórica, social e política de homens e mulheres (Ely & Padavic, 2007; Matos, 2008). Embora a discussão sobre gênero em outras áreas da ciência ocorra há muito tempo, as primeiras publicações na contabilidade ocorreram em 1992 com iniciativa das revistas Accounting, Organizations and Society e Auditing, Accounting & Accountability Journal. A questão das mulheres em cargos de prestígio vem sendo estudada em outras áreas e incorporadas na contábil.

Foi realizada uma pesquisa bibliométrica, com artigos publicados entre 2010 e 2020 em 25 periódicos nacionais da área contábil classificados pela CAPES com Qualis de A1 a B3. Os dados foram coletados pela base de dados Spell ou direto no site dos periódicos que não estão na base pesquisada. Na análise dos dados utilizou-se da análise descritiva.

O baixo número de artigos selecionados, busca que retornou 205 trabalhos, indica que o tema ainda é novo na área contábil. Os resultados demonstram que há poucas publicações sobre gênero na área contábil e que as mulheres representam 61,2% das autorias elaborados por 3 ou 4 autores, publicados prioritariamente em revistas científicas bem avaliadas pela CAPES, tendo como foco o trabalho e o ambiente organizacional. Esses estudos mostram que as discriminações, as barreiras visíveis e invisíveis, dificultam o crescimento de carreira e um acesso a salário equitativo na profissão de contábil.

As mulheres possuem um número significativo na área (CFC, 2022) podendo igualar ou ultrapassar os homens na profissão no futuro, faz-se importante reconhecer os problemas e desafios de gênero postos às mulheres, estudá-los e propor caminhos de solução. Conclui-se que a investigação sobre gênero na contabilidade é recente e em crescimento. Os estudos representam uma importante introdução da problemática, questionando e não aceitando às desigualdades associadas às noções de gênero em termos de competência, empenho, prática e até do que é ser contabilista, como forma de quebrar o ciclo de poder.

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