Resumo

Neste trabalho a hospitalidade pretende ser o elo entre mulheres vítimas de violência e profissionais de diversas áreas (psicologia, direito, serviço social, segurança pública), que se encontram na Casa da Mulher Brasileira (CMB). O lócus para a operacionalização desta pesquisa é a Casa da Mulher Brasileira da cidade de São Luís, capital do estado do Maranhão.

As questões norteadoras para esta pesquisa são: Como a hospitalidade de manifesta na Casa da Mulher Brasileira? Como os anfitriões (profissionais) concebem a hospitalidade? O objetivo principal desta pesquisa é conhecer como a hospitalidade se manifesta na Casa da Mulher Brasileira, em São Luís. Buscamos ainda identificar o entendimento sobre hospitalidade dos profissionais que recebem às mulheres vítimas de violência; e identificar as possíveis dimensões da hospitalidade evidenciadas nesta relação, neste espaço.

Lashley (2004) afirma que a hospitalidade pode ser observada em três domínios: privado, comercial e social. Camargo (2004) aborda três dimensões em que o ser humano exerce a hospitalidade, a doméstica, a pública e a comercial. Ariffin (2013) propõe que a hospitalidade na hotelaria pode ser revelada em cinco dimensões: personalização, recepção calorosa, relacionamento especial, autenticidade e conforto. No modelo teórico proposto por Andrade e Polo (2018), no contexto brasileiro, além das cinco dimensões elencadas por Ariffin (2013) foi acrescida a dimensão justiça de preço.

Com uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório, os procedimentos para a realização desta pesquisa compreendem, além da revisão bibliográfica sobre os temas pertinentes, a realização de entrevistas e a observação. Foram realizadas entrevistas com a gestora e mais cinco colaboradoras da Casa da Mulher Brasileira. Os dados foram tratados com a análise de conteúdo.

O acolhimento é bem enfatizado nas respostas das entrevistadas como prática de hospitalidade. Se dá por meio das trocas que são realizadas através dos sujeitos da hospitalidade, o anfitrião e o hóspede, neste caso, as colaboradoras e as mulheres vítimas de violência. A hospitalidade na CMB em São Luís se manifesta nas dimensões: recepção acolhedora, relacionamento respeitoso, tratamento especializado, escuta e conforto.

Identificamos que as profissionais da Casa da Mulher Brasileira entendem que a hospitalidade está relacionada ao acolhimento das mulheres vítimas de violência. Estas colaboradoras exercem o papel de anfitriãs nos momentos de hospitalidade e, ainda que não possuam uma formação ou conhecimento teórico sobre a temática, entendem na prática que a hospitalidade é necessária para o seu trabalho no atendimento, recebimento e acolhimento das mulheres vítimas de agressão. Assim, observamos que para além de conhecimento teórico sobre a hospitalidade as atitudes revelam sua prática.

Andrade, D. A. C., Polo, E. F. (2018). Hospitalidade como Recurso Estratégico na Hotelaria [...]. Revista Hospitalidade. São Paulo, volume 15, n.02, p. 17-40, dezembro. Ariffin, A.A.M. (2013). Generic dimensionality of hospitality in the hotel industry: […] International Journal of Hospitality Management, 35, 171– 179. Camargo, L. O. L. (2004). Hospitalidade. São Paulo: Aleph. Lashley, C. (2004). Para um entendimento teórico. In: Lashley, C; Morrison, A. (Orgs.). Em busca da hospitalidade: perspectivas para um mundo globalizado. Barueri: Manole.