Resumo

Este estudo centra-se no modo de produção circular em que os produtos são pensados desde o design para não gerar resíduos na natureza e contribuir para acelerar a transição do modo linear para o circular. No caso do Brasil, a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) pontua que o país perde cerca de R$ 120 bilhões de reais por ano com o não reaproveitamento de resíduos sólidos. Assim, surge a motivação de desenvolver esta pesquisa no setor vinícola do Vale do São Francisco também pela sua importância para o dipolo Petrolina-PE e Juazeiro-BA.

No intuito de levantar a discussão sobre a disseminação do conceito e das práticas de Economia Circular (EC) no Brasil, dentro da perspectiva da função social de desenvolver o conhecimento crítico sobre a temática proposta, tem-se como, problema de pesquisa: quais as práticas de EC adotadas pelas vinícolas localizadas no Vale do São Francisco (VSF)?, sendo o objetivo geral: identificar as práticas de EC utilizadas nas vinícolas do VSF e como objetivos específicos, identificar as oportunidades e barreiras para o avanço da EC nas vinícolas do VSF.

Parte do histórico da EC no mundo e no Brasil à apresentação das pesquisas anteriores e ao conceito de EC. Esta tem caráter polissêmico e multidisciplinar, estudada por acadêmicos e profissionais de áreas diversas (SEHNEM; PEREIRA, 2019) e integralizadora de várias escolas de pensamento (WEETMAN, 2019). Também, considerada possibilitadora de um (re)aproveitamento ideal sistemático desde a concepção de produtos até a sua reutilização. Adota-se como referência Preschlak (2019), cujo objetivo foi analisar os modelos de negócios adotados pelas vinícolas do meio Oeste de Santa Catarina.

Com uma abordagem qualitativa descritiva e exploratória tendo como instrumento de coleta de dados a entrevista com roteiro semiestruturado, elaborada sobre as perspectivas circulares das vinícolas do VSF, baseada em Preschlak (2019) e Sehnem et al. (2019). Entrevistados quatro gestores de duas vinícolas, das cinco encontradas na região, contactadas e selecionadas, formalmente por e-mail com aceite de retorno. Esta pesquisa registrou-se sob o nº 43266420.5.0000.8052 pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do IF Sertão - PE, sobre os dados, foram analisados com a ajuda do ATLAS.ti© (2022).

Apesar dos entrevistados afirmarem desconhecerem a EC, na entrevista, os mesmos indicaram que as práticas de EC mais utilizadas pelas Unidades de Análises (UA’s) são: compostagem, terceirização de máquinas e equipamentos, manutenção preventiva, divulgação através das redes sociais e substituição de tecnologia antiga por mais atualizadas. Verificou-se, como oportunidades: o Rio São Francisco, as inovações tecnológicas na vinificação e as práticas socioambientais, enquanto as barreiras tiveram-se a falta de conhecimento, a quantidade excessiva dos subprodutos, além do alto custo de implantação.

Por meio da pesquisa realizada nas vinícolas, identificou-se as práticas de EC utilizadas, assim como, as oportunidades e barreiras para o avanço da circularidade. A análise dos dados indicou que as UA’s pesquisadas focalizam no cuidado com o meio ambiente ou tentativas de melhorias para o mesmo, utilizando práticas de economia circular, mesmo de forma pontual. Para estudos futuros sugere-se pesquisar toda a cadeia de suprimentos da vinificação no VSF e de Modelos de Negócios Circulares em todo o processo de produção de uvas.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA (CNI). Economia Circular: uma abordagem geral no contexto da indústria 4.0. 2017. PRESCHLAK, D. Práticas de economia circular adotadas no segmento vinícolas. Dissertação de Mestrado, UNIVERSIDADE do OESTE de SANTA CATARINA (UNOESC), Chapecó, 2019. SEHNEM, S.; PEREIRA, S. C. F. Rumo à Economia Circular: sinergia existente entre as definições conceituais correlatas e apropriação para a literatura brasileira. Rev. Eletrônica de Ciência Administrativa, [S.l.], v. 18, n. 1, p. 35-62, jan. 2019.