1 - Luiz Alves da Silva Cruz Neto UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - Itaperi
2 - Caio Victor de Paula Sousa UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - ITAPERY
3 - Thiago Matheus De Paula UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - Programa de Pós-graduação em Administração
4 - Veronica Peñaloza UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - CESA
5 - Marcio de Oliveira Mota UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE) - PPGA
Reumo
A relação entre renda e bem-estar vem sendo abordado há algumas décadas, os resultados evidenciam a presença de uma relação não tão forte nem tão direta entre a renda e o bem-estar indicando a existência de fatores que mediam a conexão entre os construtos (Tay, Zipthur & Batz, 2018). Entre as tendências de análise do bem-estar, a abordagem das capacidades proposta por Sen (1983) possibilita uma requalificação sobre o bem-estar humano, pois assume que o bem-estar está ligado ao desenvolvimento pessoal assumindo.
O presente trabalho revela-se importante por transpassar abordagens utilitaristas que se orientam exclusivamente à busca de bem-estar por intermédio de maiores recursos pessoais ou maior consumo (Sen, 1985; Vita, 1999). Para além da renda, com base na teoria seniana, o estudo considerou outros pontos essenciais para o desenvolvimento do bem-estar humano, como a autonomia do indivíduo, a saúde e os relacionamentos pessoais. Deste modo, o objetivo explorar a relação entre renda e bem-estar/mal-estar, por meio das variáveis de mediação saúde, capital social, autonomia e padrão de vida.
A abordagem de Sen (1983;) reflete a ideia de que o bem-estar deve ser entendido a partir das liberdades substantivas dos sujeitos de escolherem uma vida que possuem razão de valorizar. Sob essa ótica, a análise do bem-estar desloca-se de um aspecto objetivo de conquista material para uma perspectiva subjetiva de liberdade dos sujeitos efetuar de maneira adequada os seus funcionamentos (Sen, 1985; 1999; Vita, 1999). Logo, na compreensão do bem-estar como o conjunto “ser-fazer-ter”, na qual compõem as dimensões valorativas para se alcançar uma “vida melhor”.
Para auferir os objetivos de pesquisa, empreendeu-se um estudo descritivo, de natureza quantitativa, através de um estudo de corte transversal único. A composição dos dados analíticos deste estudo se deu através da base PNS 2019. Utilizaram-se sete variáveis para o alcance dos construtos preteridos: bem-estar, mal-estar, capital social (bonding e bridging), saúde, autonomia. Para investigar os efeitos diretos e indiretos da relação entre renda e bem-estar/mal-estar, empregou-se uma análise mediação multivariada, efetuadas com o auxílio da análise de caminhos do PROCESS (Hayes, 2017; Modelo 4)
O modelo de mediação da variável dependente Bem-estar. A renda apresentou associação positiva com todas as mediadoras. As mediadoras apresentaram impacto positivo e significativo na variável dependente. A Saúde (β = 0,672; p<0,001) apresentou maior impacto. Em continuidade, verificou-se a adequação das variáveis mediadoras em um modelo concorrente, com o Mal-estar. Saúde (β = -0,152; p<0,001), Autonomia (β = -0,659; p<0,001) e o Bonding (β = -0,044; p<0,001) apresentaram efeitos negativos. Padrão de vida (β = 0,026; p=0,000) e Bridging (β = 0,034; p<0,001) apresentaram efeitos positivos.
Este artigo rompe com a perspectiva das abordagens utilitaristas que se orientam exclusivamente à busca de bem-estar por intermédio de maiores recursos pessoais ou maior consumo. A saúde, autonomia e vínculos sociais podem transmitir efeitos essenciais para o desenvolvimento do bem-estar humano. Negar esses aspectos ao indivíduo pode contribuir com a diminuição dos funcionamentos essenciais para o aumento de suas liberdades e, subsequentemente, da melhoria de sua qualidade de vida.
Hayes, A. F. (2017). Introduction to mediation, moderation, and conditional process analysis: A regression-based approach. Guilford publications.
Sen, A. (1983). Development: Which way now?. The economic journal, 93(372), 745-762.
Sen, A. (1985). Well-being, agency and freedom: The Dewey lectures 1984. The journal of philosophy, 82(4), 169-221.
Sen, A. (1999). On ethics and economics. OUP Catalogue.
Tay, L.; Zyphur, M. & Batz, C. L. (2018). Income and subjective well-being: review, synthesis, and future research. Handbook of Well-Being. Salt Lake City: