1 - Simone César da Silva Vicente UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO (UNINOVE) - Memorial
2 - Fernando Antonio Ribeiro Serra UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO (UNINOVE) - PPGA
3 - Manuel Anibal Silva Portugal Vasconcelos Ferreira Politécnico de Leiria - CARME
Reumo
Neste estudo, analisamos como a folga de recursos disponíveis e potenciais influencia o grau com que as empresas seguem estratégias mais marcadamente de exploitation (exploração) ou de exploration (prospecção) e como o tempo de mandato do CEO pode determinar a estratégia seguida. As aquisições de empresas podem ser uma das formas de aprendizagem organizacional seguida e de preferência dos CEOS que desencadeiam uma forma de utilizar a folga de recursos. Esta relação pode propor resultados significantes para empresas e seus gestores.
Existem muitas lacunas, como avaliar a influência do CEO no uso da folga de recursos para prospecção ou exploração. Neste estudo, observamos apenas o tempo de mandato do CEO, por considerar esta característica portadora de evidência teórica relevante e de importância para as tomadas de decisões nas estratégias das empresas (Berard & Fréchet, 2020; Tabesh, Vera & Keller., 2019). O questionamento deste estudo foi, portanto: a folga de recursos pode influenciar as estratégias de aquisições de empresas para exploração ou prospecção, e quanto o tempo do mandato do CEO pode moderar esta relação?
A folga de recursos (Bourgeois & Singh, 1983) é aquela que envolve recursos que excedem ao necessário para atividade das empresas e influenciam as decisões estratégicas das mesmas (Greve, 2007; Dolmans, Burger, Reymen & Romme, 2014; McMillan & Overall, 2017). Entretanto, em posse desta folga de recursos, os gestores necessitam decidir em que aplicar o excedente. Neste sentido, os diretores podem tomar decisões estratégicas que envolvam ações de aquisições de empresas mais próximas do seu core business (exploração) ou não (prospecção) (March, 1991).
Elaboramos quatro hipóteses, relacionando folga de recursos disponível e potencial, as estratégias de exploração e prospecção. Utilizamos dados secundários de aquisições de empresas realizadas por empresas brasileiras, dentro e fora do Brasil, e que foram concretizadas em 2018 e 2019. Utilizamos as bases de dados SDC (Platinum da Securities Data Corporation) e Economatica para colher as variáveis deste estudo e efetuamos as análises no software SPSS, com regressões lineares e complementares no Process.
Os resultados permitiram observar que o tempo de mandato do CEO é significante para tomada de decisões estratégicas em aquisições de exploração e prospecção. As folgas de recursos podem estar relacionadas diretamente com o grau de exploração-prospecção. Entretanto, quando moderada pelo tempo de mandato, a folga de recursos potencial apresenta mais correlação significativa. Entretanto, a folga disponível pode ser moderada em níveis diferentes pelo tempo de mandato do CEO.
Os estudos mostram a relevância de pesquisas que unam estes dois tipos de folga “não absorvidas” pela empresa, em uma única análise. Neste estudo, propusemos identificar seus efeitos de forma diferenciada, principalmente quanto ao efeito moderado do tempo de mandato no CEO e a disponibilidade destes recursos separadamente. Em termos gerenciais, este estudo apresenta a influência do CEO nas decisões ligadas ao uso dos recursos para as aquisições de empresas.
Bourgeois, L. (1981). On the measurement of organizational slack. Academy of Management Review, 6(1), 29-39.
Bourgeois, L., & Singh, J. (1983). Organizational slack and political behavior among Top Management Teams. Academy of Management Proceedings, 1983(1), 43–47.
March, J. (1991). Exploration and exploitation in organizational learning. Organization Science, 2(1), 71–87.