1 - Henrique Vassali UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração (EA)
2 - Raquel Janissek-Muniz UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
3 - Natália Marroni Borges UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
Reumo
A importância dos vieses da cognição humana, assim como seu impacto nas decisões e nas interações dinâmicas entre indivíduos e organizações, historicamente são fatores abordados em diferentes estudos nos campos de gestão e planejamento estratégico. No contexto dos estudos orientados ao futuro, o Foresight se destaca como uma disciplina que considera elementos organizacionais e individuais na complexidade das relações.
Assumindo a problemática relativa à falta de estudos que abordem a questão dos vieses cognitivos no contexto do Foresight e a importância da interação entre esses elementos, este trabalho busca responder à questão: Qual o estado da arte referente aos estudos sobre os vieses da cognição humana no Foresight e quais os principais vieses já abordados? Em linha com a questão proposta, o objetivo desta pesquisa é o de identificar o estado da arte dos estudos sobre os vieses cognitivos no contexto do Foresight
Foresight é o processo de criar uma compreensão e apreciação da informação gerada olhando para o futuro e, nesse processo, incluem-se meios qualitativos e quantitativos realizados pelos indivíduos. as lentes individuais pelas quais as pessoas observam influenciam as memórias do passado e, estes - por sua vez - influenciam as informações que as pessoas processam no presente. Desta forma, certos vieses cognitivos podem afetar negativamente o desenvolvimento do Foresight estratégico, influenciando a alocação de atenção temporal e a eficácia da codificação e processamento da informação.
Mais de 25 vieses foram identificados nas publicações selecionadas. Enquanto alguns estudos focaram na abordagem de diferentes vieses de maneira mais geral, outros abordam algum viés de maneira mais profunda e específica. Diversos estudos trazem diferentes abordagens para se “tratar” ou mitigar esses vieses no contexto do Foresight, alguns de maneira mais teórica e abstrata, outros de maneira mais específica. Uma técnica frequentemente proposta para se abordar e potencialmente mitigar os vieses cognitivos no contexto do Foresight é a do “Planejamento de Cenário” ou “Pensamento de Cenário”.
Embora o estudo dos vieses da cognição humana e seu impacto nas organizações seja um tema que vem recebendo atenção acadêmica com mais intensidade na disciplina do Foresight apenas recentemente, existem trabalhos que consideram a questão de maneira significativa. Esses estudos identificaram vieses cognitivos presentes em diferentes ambientes organizacionais, contextualizando sua existência e potenciais consequências e, em alguns casos, propondo abordagens para sua mitigação.
Kahneman & Lovallo (1993). Timid choices and bold forecasts: A cognitive perspective on risk taking. Management science;
Schoemaker (1995). Scenario planning: a tool for strategic thinking. Sloan Management Review;
Nestik (2018). The psychological aspects of corporate foresight. Foresight and STI Governance;
MacKay & McKiernan (2004). The role of hindsight in foresight: refining strategic reasoning. Futures;
Meissner & Wulf (2013). Cognitive benefits of scenario planning: Its impact on biases and decision quality. Technological Forecasting and Social Change;