Resumo

Título do Artigo

UBERIZAÇÃO DO TRABALHO: PRECARIZAÇÃO OU OPORTUNIDADE? ANÁLISE DO FENÔMENO DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
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Palavras Chave

Uberização
Precarização das relações de trabalho
Transformações do trabalho

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Comportamento Organizacional

Autores

Nome
1 - FERNANDA SANTANA DA SILVA FERREIRA
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR) - CURITIBA
2 - Alexandre Reis Graeml
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (UTFPR) - Campus Curitiba

Reumo

A popularização de tecnologias se apresenta como uma das principais características da sociedade contemporânea, trazendo comodidade à vida cotidiana e diferentes possibilidades para seus usuários (FERNANDES; MARIN, 2018). Neste contexto, emerge o fenômeno da “Uberização”, o qual além de representar um modelo de negócios inovador, revela-se como um novo formato de organização do trabalho. Esse estudo busca compreender as especificidades do trabalho intermediado por plataformas digitais a partir da perspectiva dos prestadores do serviço.
Reconhecendo que se trata de um campo emergente e ainda em desenvolvimento, bem como a necessidade de estudos complementares, principalmente de natureza empírica sobre a Uberização do Trabalho( ANDRÉ; SILVA; NASCIMENTO, 2019), esse trabalho teve como objetivo principal compreender se o trabalho por aplicativos representou uma fonte de precarização ou uma oportunidade durante a pandemia da COVID-19.
A Uberização do trabalho pode ser compreendida como uma nova forma de gerenciamento, controle e organização do trabalho que está amplamente associada ao trabalho intermediado por plataformas digitais, embora não se restrinja a ele (ABÍLIO, 2020a). Trata-se uma tendência global, que abarca diferentes ocupações, níveis de qualificação e rendimentos, e que resulta de processos de transformação do trabalho que estão em curso há décadas (ABÍLIO, 2020a).
Utilizou-se uma abordagem qualitativa, com propósito descritivo-exploratório, para analisar a percepção dos motoristas de aplicativo acerca da atividade que executam. O procedimento de coleta de dados empregado envolveu entrevistas semiestruturadas ( KING, 2004). As questões do roteiro foram elaboradas com base em aspectos depreendidos de uma revisão sistemática da literatura que trata da Uberização e seus impactos no mundo do trabalho e da literatura sobre precarização e precariedade do trabalho. Para análise dos dados, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo ( BARDIN, 2016)
A análise dos resultados permitiu verificar que os motoristas de aplicativo possuem jornada irregular de trabalho, instabilidade de rendimentos, falta de autonomia e controle sobre as regras que regem seu trabalho, além de assumirem os riscos e custos da atividade que exercem, os quais podem ser considerados como fator de precariedade do trabalho. De outro modo, a Uberização pode ser vista como uma alternativa ao desemprego, ao mesmo tempo em que possibilita aos prestadores de serviços o reconhecimento como cidadãos ativos, incluídos socialmente, que prestam um serviço relevante à sociedade.
Com base na análise realizada na seção anterior, é possível concluir que a Uberização se manifesta como uma forma de organização, controle e gerenciamento do trabalho que mais precariza do que garante oportunidades ao trabalhador. Por meio dos relatos dos entrevistados, verificou-se que os trabalhadores se aproximam do conceito de trabalhador just in time de Abílio (2019, 2020a, 2020b), reconhecido como aquele que determina sua jornada de trabalho em função dos ganhos que precisa obter, assumindo os custos e riscos da atividade, ao mesmo tempo desprovido dos direitos trabalhistas.
ABÍLIO, L. C. Uberização: do empreendedorismo para o autogerenciamento subordinado. Revista Psicoperspectivas, v. 18, n. 3, p. 1-11, nov. 2019. ABÍLIO, L. C. Uberização: a era do trabalhador just-in-time? Revista Estudos Avançados, v . 34, n. 98, p. 111-126, 2020(a). ABÍLIO, L. C. Plataformas digitais e Uberização: a globalização de um sul administrado? Revista Contracampo, v. 39, n. 1, p. 12-26, abr./jul. 2020(b). ANDRÉ, R. G.; SILVA. R. O.; NASCIMENTO, R. P. “Precário não é, mas eu acho que é escravo”: análise do trabalho dos motoristas da Uber sob o enfoque da precarização. Revista elet