Resumo

Título do Artigo

Reflexões Sobre a Subjetividade na Prática do Engenheiro Civil
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Palavras Chave

Subjetividade
Desempenho profissional
Representações

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades

Autores

Nome
1 - MAIRLA MENESES LOPES TELES
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ (IFPI) - CAMPUS TERESINA ZONA SUL

Reumo

A partir da década de 1990 estudos evidenciaram a importância de se compreender a influência da subjetividade no desempenho profissional. A pesquisa buscou entender como o engenheiro percebe e lida com os aspectos subjetivos de sua prática diária. Os entrevistados revelaram que a jornada de trabalho se caracteriza pela frustração, ansiedade e forte desmotivação, o que inevitavelmente compromete sua performance e contribui para o adoecimento psíquico-emocional nesse segmento, demandando uma melhor preparação do profissional para lidar com a gestão das emoções, desde a sua formação.
As pesquisas na área da Engenharia são majoritariamente de caráter técnico, mas estudos organizacionais apontam que esta é uma das profissões de risco para a ocorrência da Síndrome de Burn Out (SCHIMIDT, 2018) e isso se relacionaria com a gestão das emoções e a qualidade das relações no ambiente de trabalho, pois a prática cotidiana do engenheiro envolve dimensões pessoais e processos sociais múltiplos e complexos. A proposta da pesquisa é compreender como os engenheiros percebem a influência dos aspectos emocionais em sua prática diária e na sua performance profissional.
Diversos autores, dentre eles Gondim e Siqueira (2014), vêm concluindo que emoções e afetos, inevitavelmente, influenciam diretamente, e significativamente, na performance do indivíduo no trabalho. A proposta aqui foi se voltar para a compreensão da realidade na forma em que ela é percebida por seus participantes (engenheiros), considerando-se que o mundo se constrói a partir de um processo social, criado por indivíduos; é uma criação de mentes humanas, uma rede de suposições e significados compartilhados intersubjetivamente” (CIESIELSKA, JEMIELNIAK, 2018, p. 33).
Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, de abordagem qualitativa básica, voltada para o entendimento, interpretação e análise das subjetividades e intersubjetividades. A investigação partiu de uma pesquisa de campo (direct research) com a realização de entrevistas com três engenheiros com idades e locais de atuação diferentes. Dentro da abordagem proposta, predominou o método indutivo de análise e a identificação de categorias de significados que representassem as relações dos entrevistados com o objeto investigado.
Os profissionais relataram diversos estados emocionais relacionados à jornada de trabalho, tais como estados de ansiedade e alterações de humor, que geram transtornos para a saúde e prejudicam seu desempenho. Foi possível identificar padrões de comportamento com relação à forma como os engenheiros percebem e lidam com os conflitos emocionais vivenciados em suas práticas diárias. Foram categorizadas trinta representações agrupadas em sete categorias ou grupos temáticos.
As representações analisadas confirmam as teorias de que a partir das emoções provocadas por fatos, memórias ou pessoas e da interpretação destes, criam-se estados afetivos que conduzem a nossa forma de expressão, a forma como nos relacionamos e de como reagimos diante do que nos acontece. Isso tem consequências diretas no modo como as pessoas nos percebem e no nosso desempenho profissional. Isso endossa a visão multidimensional do ser humano e contribui para a desmistificação da ‘racionalidade substantiva’, que afirma que todo ato inteligente se baseia num conhecimento lúcido e autônomo.
CIESIELSKA, M., JEMIELNIAK, D. Qualitative methodologies in organization studies. Switzerlan: Palgrave Macmillan/Springer Nature, 2018. [v. I – Theories and new approaches – e-Book]. Disponível em: https://doi.org/10.1007/978-3-319-65217-7. Acesso em: 2021.;GONDIM, S. M. G; SIQUEIRA, M. M. M. Emoções e afetos no trabalho. In: ZANELLI, J. C., BORGES-ANDRADE, J. E., BASTOS, A. V. B. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. p. 285-315; SCHIMIDT, A. C. Riscos de Síndrome de Burnout em engenheiros civis: um estudo qualitativo. Taquari: Univates. 2018.