1 - Wellyngton Ribamar Silva Poli UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Instituto de Ciências Agrárias
2 - Lucineia Lopes Bahia Ribeiro UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - ICA - Instituto de Ciências Agrárias
Reumo
Com a pandemia o aprimoramento do uso de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação em busca de possibilitar flexibilidade e interação entre estudantes e professores promovendo a continuidade das atividades pedagógicas criou as bases para Ensino Remoto Emergencial (ERE). A complexa e impositiva transição do ensino presencial tradicional para o ERE proporcionou uma mudança na dinâmica na vida de trabalhadores de diversas áreas, e com os docentes não foi diferente, ao se depararam com a necessidade de enquadramento das atividades domésticas e de trabalho em uma mesma rotina diária.
Levanta-se o seguinte problema de pesquisa, o Ensino Remoto Emergencial gerou impactos na saúde mental de docentes universitários? Para responder a esta problemática, este trabalho tem por objetivo investigar os impactos provocados pelo ensino remoto emergencial na saúde mental de docentes universitários de uma Instituição federal de ensino superior.
Compreendendo que a investigação dos impactos na saúde mental requer compreender uma somatória de fatores que se transpõem e interpelam-se entre si, para além dos determinismos psíquicos individuais. A fundamentação teórica visa apresentar uma contextualização de onde se localiza o Ensino Remoto Emergencial no cenário pandêmico, seguido da construção de um nexo causal que justifique a relação saúde mental e ensino remoto emergencial.
Trata-se de uma pesquisa social, qualitativa e exploratória, no qual a coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas individuais com o instrumento do roteiro semiestruturado, ao todo foram entrevistados 5 docentes universitários de uma instituição de ensino superior federal, com o recorte da população de somente professores do curso de Administração. A busca dos entrevistados seguiu o critério de acessibilidade e disponibilidade. A análise dos dados obtidos foi feita com base nos pressupostos da técnica de Análise de Conteúdo de Bardin.
Nas discussões expostas encontraram como impactos: sentimento de não conseguir ensinar, dificuldades de adaptação tecnológica, pouca interação com os discentes, sobrecarga de trabalho, isolamento social. E como consequências destes impactos, sintomas como: insegurança, medo, abandono, falta de paixão no trabalho, desmotivação, medo do desconhecido, sensação de isolamento, frustração, angústia, estresse, sentimento de raiva, crise de pânico, depressão, contaminação do tempo de lazer, diminuição das atividades físicas, aumento no consumo de alcool e conflitos familiares.
A partir da análise dos dados foram encontradas consequências diversas relacionadas ao ensino remoto emergencial que se criaram a partir deste, ou que se intensificaram com a adesão desta metodologia de ensino e da mudança no contexto social. A partir destes resultados compreende-se um alinhamento com o que a literatura vem apontando, havendo sintonia com sintomas encontrados por autores como Barbosa, Viegas e Batista (2020), Eachempati e Ramnarayan (2020), Honorato e Marcelino (2020), Monteiro e Souza (2020), Losekann e Mourão (2020) e Valente et al., (2020).
EACHEMPATI, Prashanti; RAMNARAYAN, Komattil. Covido‐pedago‐phobia. Medical Education, v. 54, n. 8, p. 678-680, 2020.
HONORATO, Hercules Guimarães; MARCELINO, Aracy Cristina Kenupp Bastos. A arte de ensinar e a pandemia COVID-19: a visão dos professores. REDE-Revista Diálogos em Educação ISSN 2675-5742, v. 1, n. 1, p. 208-220, 2020.
LOSEKANN, Raquel Gonçalves Caldeira Brant; MOURÃO, Helena Cardoso. Desafios do teletrabalho na pandemia Covid-19: quando o home vira office. Caderno de Administração, v. 28, p. 71-75, 2020.