DISPONIBILIDADE DE CRÉDITO BANCÁRIO EM NÍVEL MUNICIPAL: um estudo do comportamento dos cinco maiores bancos atuantes nos municípios do estado de Minas Gerais
1 - Felipe de Oliveira Costa UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI (UFSJ) - Campus Tancredo Neves
2 - Saulo Cardoso Maia UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI (UFSJ) - Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis - DECAC
3 - Débora Maria Araújo Monteiro UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI (UFSJ) - CTAN
4 - Frank Nero Pena de Vasconcelos UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI (UFSJ) - DECAC
Reumo
O comportamento das instituições financeiras pode variar de uma região para outra. A disponibilidade de crédito, medida pela proporção entre o montante de operações de crédito em relação ao montante captado por meio de depósitos não é homogênea entre regiões e ao longo do tempo (CROCCO, FIGUEIREDO e SANTOS, 2010; VINHADO e BELÉM, 2013). Um mesmo banco pode realizar mais empréstimos em determinados municípios e/ou em determinados períodos.
Diante do contexto apresentado, emerge o seguinte problema de pesquisa: o tamanho da população do município é capaz de influenciar na disponibilidade de crédito dos bancos? O artigo visa verificar se a centralidade dos municípios, medida pelo tamanho da população, dentre outras variáveis, influencia na disponibilidade de crédito dos cinco maiores bancos do país em municípios do estado de Minas Gerais.
Observa-se que em alguns estudos (CROCO, CAVALCANTE e BARRA, 2005; NOGUEIRA, CROCCO e FIGUEIREDO, 2010; CROCO, FIGUEIREDO e SANTOS, 2010) confirma-se a hipótese de que a preferência por liquidez será maior em regiões menos desenvolvidas e menor em grandes centros e locais com bons índices de desenvolvimento econômico. Isso ocorre devido ao risco que regiões periféricas e com economia pouco desenvolvida propõe ao setor bancário, situação oposta ocorre em regiões centrais. A preferência por liquidez na periferia reforça assim a concentração da atividade bancária no centro.
Trata-se de pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa e fonte de dados documental. As principais fontes de dados são os balancetes trimestrais dos bancos e a estatística bancária mensal por município fornecidos pelo Bacen, bem como variáveis macroeconômicas obtidas nos sites do Bacen e do IBGE. O método utilizado para análise de dados foi a regressão linear com dados em painel. Foram realizados testes inerentes ao método para escolha do melhor modelo (pooled, efeitos fixos e efeitos aleatórios) bem como diagnósticos pós-estimação dos modelos.
As evidências indicam que os bancos públicos teriam maior preferência por liquidez em municípios menores, e comportamento contrário acontece com os bancos privados. Ou seja, os bancos privados seriam mais benéficos aos municípios menores no que diz respeito à disponibilidade de crédito. Sendo assim, para os bancos públicos, confirma-se a hipótese de pesquisa de que quanto maior a centralidade do município, indicada pelo tamanho da população, maior tende a ser a disponibilidade de crédito. Por outro lado, refuta-se a hipótese para os bancos privados.
A hipótese de pesquisa testada foi de que quanto maior a centralidade do município, medida pela proxy tamanho da população, maior tende a ser a disponibilidade de crédito, medida pela proporção entre o volume de crédito e volume de depósitos. A hipótese foi parcialmente confirmada. Para as duas instituições públicas, confirmou-se a hipótese. Para duas instituições privadas, refutou-se a hipótese. Para uma instituição privada os resultados foram inconclusivos diante da insignificância estatística da variável de interesse.
CROCCO, M.; CAVALCANTE, A.; BARRA, C. The behavior of liquidity preference of banks and public and regional development: the case of Brazil. Journal of Post Keynesian Economics, v. 28, n. 2, p. 217-240, 2005.
CROCCO, M.; FIGUEIREDO, A.T.L.; SANTOS, F.B.T. Differentiated banking strategies across the territory: an exploratory analysis. Journal of Post Keynesian Economics, v. 33, n. 1, p. 127-150, 2010.
NOGUEIRA, M.; CROCCO, M.; FIGUEIREDO, A. T. L. Estratégias bancárias diferenciadas no território: o caso de Minas Gerais. Análise Econômica, v. 28, n. 54, 2010.