1 - Carolina Oliveira Schramm UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Feaac - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
2 - Elidihara Trigueiro Guimarães UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Departamento de administração
3 - Davi Sampaio Marques UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria
Reumo
A história feminina é marcada pela luta por equidade. Todavia, a desigualdade de gênero ainda persiste nas relações sociais, afetando diretamente o desenvolvimento profissional feminino. uma das formas de atingir a igualdade de gênero foi e é por meio da educação, permitindo que a mulher consiga questionar suas limitações, elucidar acerca dos preconceitos de gênero e enxergar todas as possibilidades disponíveis. Contudo, a quebra de padrões ainda não é amplamente aceita pela sociedade, o que resulta em discriminações e desigualdades no mercado de trabalho (FARBER et al., 2012).
Analisar a percepção da mulher graduada em Administração em relação a desigualdade de gênero na trajetória profissional, tornou-se, assim, o objetivo geral do presente estudo. Ademais, teve-se como objetivos específicos: evidenciar o combate por meio da educação superior como parte essencial da construção da carreira feminina, aprofundar ainda mais sobre a inserção feminina no mercado de trabalho, mostrar o cenário enfrentado pela administradora em sua trajetória profissional considerando os padrões sociais atuais, e sugerir propostas de resolução para as problemáticas encontradas
A caracterização social dos gêneros tem seu uso no mercado de trabalho, nas relações políticas e na educação. Assim, a mulher vem lutando para desconstruir a visão de seu papel na sociedade. A divisão sexual do trabalho oferece condições profissionais desiguais para homens e mulheres, as quais são desafios a serem enfrentados pela força de trabalho feminina. A conquista feminina de seu espaço no mercado de trabalho resultou em um acúmulo de funções, unindo a esfera pública com a esfera privada, já que a sociedade ainda afere à mulher a responsabilidade do trabalho doméstico e cuidado familiar.
Os procedimentos metodológicos consistiram em coletar e avaliar, por meio da aplicação da análise de conteúdo proposta por Bardin (1977) em entrevistas semiestruturadas, a perspectiva de 15 administradoras formadas na Universidade Federal do Ceará (UFC) acerca da problemática. Para isto, utilizou-se uma amostra de 10% das graduadas em administração entre os anos 2018 e 2020, aplicando-se o método de saturação conceitual.
Os resultados do estudo demonstram, entre outros, que, apesar de acreditarem ter recebido educação igualitária, a maioria das respondentes se queixou quanto ao precário ensino da perspectiva de gênero durante a graduação. Quanto ao mercado de trabalho, todas acreditam que ainda há desigualdade de oportunidades para homens e mulheres no mercado de trabalho, principalmente em áreas ditas como masculinas.
Foi constatado que, apesar de terem tido uma formação igualitária e não terem sofrido ou presenciado discriminações, as respondentes, em sua maioria percebem que, para o curso de administração, a UFC tende a se abster das causas de gênero e não promove de forma eficiente a formação de profissionais preparados para lidar com ambientes inclusivos e para a diversidade. Pouco do assunto ainda é debatido e apresentado para os alunos, o que revela que os profissionais, tanto homens quanto mulheres, não estão sendo devidamente formados para trabalhar com a inclusão e desconstrução de estereótipos.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
FARBER, S. G.; VERDINELLI, M. A.; RAMEZANALI, M. A universidade está contribuindo para a igualdade de gênero? Um olhar sobre a percepção dos docentes de pós-graduação. Revista Gestão Universitária na América Latina, Santa Catarina - Brasil, v. 5, n. 4, p. 116-140, dez. 2012.