Resumo

Título do Artigo

Decisões coletivas como uma prática social: a construção da phronesis coletiva
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Palavras Chave

Phronesis
Decisões Coletivas
Prática Social

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Comportamento Organizacional

Autores

Nome
1 - Nívea Marcela Marques Nascimento de Macêdo
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - DCSA
2 - Marcelo de Souza Bispo
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Departamento de Administração

Reumo

Os fenômenos coletivos e colegiados de decisão nem sempre são entendidos por meio de como a agência da decisão constrói as organizações ou como os entendimentos emergentes e fluidos organizacionais são mantidos pelas decisões (BLASCHKE, 2015; DOBUSCH; SCHOENEBORN, 2015). A perspectiva das práticas sociais (Schatzki, 2006) ajuda a melhor entender as nuances coletivas da decisão, os dizeres e fazeres que formam o nexo da prática na forma de suas políticas e emoções porque apresentam as características relacionais da decisão entre as pessoas. Ajuda também a entender a negociação de preferências.
a partir de nossa pesquisa sobre tomada de decisão coletiva num conselho universitário, considerando-a como uma prática social, entendemos que há também uma phronesis que é construída coletivamente. Nomeamos o referido conselho de COUNI e procuramos entender a decisão em seus aspectos éticos, a partir da noção de ética – phronesis – de Aristóteles (2014). Traçamos como objetivo compreender o processo de construção da phronesis coletiva a partir da tomada de decisão coletiva como uma prática social.
A perspectiva das práticas ajuda a entender a tomada de decisão no contexto colegiado ou coletivo porque evidencia o caráter da construção consensual da decisão. Ajuda a entender a decisão como socialmente construída, e assim como Antonacopoulou (2015) afirma, e mostra, ainda, a decisão como moldada por emoções, valores, percepções e suposições. Estes são coletivos, realizados num emaranhado de interesses, conflitos e jogos de poder. A perspectiva das práticas ajuda a entender este molde de elementos, porque mostra como se dá as implicações das atividades da decisão nos seus relacionamentos.
Esta pesquisa, de caráter qualitativo, foi realizada num conselho superior de ensino, pesquisa e extensão em uma universidade federal brasileira. Foi realizada num período de um ano e três meses e foi utilizada, além da observação participante neste conselho, o recurso das entrevistas semi-estruturadas. Os roteiros de entrevista foram construídos com base em Kinsella (2012), Melé (2010) e Schon (1987). Foram 12 respondentes das entrevistas, as quais duraram em média 40 minutos. E cerca de 70 horas de observação das reuniões do conselho, com algumas conversas informais.
O caso mostra que os conselheiros, mesmo com a existência de um critério legal não sendo atendido no pedido do interessado (finalizando o primeiro período do curso), tem intenção de refletir para deliberar favoravelmente ao interessado. Apesar de a resolução indicar que não deve haver trancamento de matricula para o estudante que esteja no primeiro período do seu curso, os conselheiros consideram que há um caso em que a lei não fornece elementos concretos para decisão. E por isso, eles deliberaram favoravelmente ao pedido.
O desenvolvimento da phronesis na atuação administrativa envolve então o trabalho por meio da observação de exemplos morais e éticos. Envolve a reflexão sobre a realidade e o debate frente às incertezas, considerando as muitas versões dos fatos, as visões de mundo e a forma em que tudo isso contribui ao desenvolvimento da comunidade – sociedade, ou da maioria das pessoas. Foi assim que a phronesis coletiva foi construída no conselho pesquisado.
ANTONACOPOULOU, E. P. One More Time: What Is Practice? Teoria e Prática em Administração. v. 5, n. 2, 2015, p. 01-26. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Martin Claret, 2014. BLASCHKE, S. It‟s All in the Network: A Luhmannian Perspective on Agency. Management Communication Quarterly, v. 29, n.3, 2015, p. 463–468. DOBUSCH, L., SCHOENEBORN, D. Fluidity, Identity, and Organizationality: The Communicative Constitution of Anonymous. Journal of Management Studies, v. 52, n. 8, 2015, p. 1005–1035. KINSELLA, E. A. Practitioner reflection and judgement as phronesis: A continuum of reflection and