Resumo

Título do Artigo

BEM VIVER E GESTÃO SOCIAL: EM BUSCA DE UM DIÁLOGO DESCOLONIAL NO CAMPO DOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS
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Palavras Chave

Bem Viver
Gestão Social
Descolonialidade

Área

Administração Pública

Tema

Gestão Social e Organizações do Terceiro Setor

Autores

Nome
1 - Eduardo Vivian da Cunha
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI (UFCA) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas
2 - WASHINGTON JOSÉ DE SOUZA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÃO

Reumo

Uma das motivações para o exercício aqui realizado é a constatação da necessidade de construção de um pensamento brasileiro e latino-americano, uma vez que colonialidade expressa dependência do pensamento local a uma noção com origem na Europa. Tal submissão, de viés epistemológico, retroalimenta-se em diversas áreas da sociedade local, perpetuando ciclos de pobreza, submissão, desigualdade, “subdesenvolvimento” e diversos outros termos cujos significado e adjetivação, são, também, impostos, historicamente, a partir da metrópole.
Nosso objetivo neste artigo é suscitar reflexões acerca da descolonialidade, a partir da conciliação entre práticas e ideias de bem viver, segundo seu conceito original equatoriano, por um lado, e atributos de gestão social, por outro. Partimos da seguinte questão: como a abordagem contemporânea de gestão social e experiências tradicionais de bem viver se conciliam segundo a concepção de descolonialidade?
O presente artigo traça uma reflexão teórica a partir de pesquisas nas temáticas do Bem Viver (BV), a partir do levantamento das suas definições conceituais e seus usos, da Gestão Social (GS), segundo as sínteses já produzidas no meio acadêmico, tendo como referências apontamentos sobre Epistemologias do Sul (ES) e descolonialidade, realizados por diversos pesquisadores latino-americanos, bem como Boaventura Souza Santos, e situando-se no campo dos Estudos Organizacionais Críticos (EOC), a partir de alguns dos principais debates realizados no campo.
Sintetizamos comparações entre visões modernas de mundo e a correspondente ao BV, a partir de categorias analíticas, incorporando ainda interpretações da GS. Elencamos, ainda, sete elementos de correlação que apontam, ao mesmo tempo, agenda de pesquisa para entendimento da relação entre ambos os conceitos. Estas são: a) A ideia de propósito comum e perspectiva comunitária; b) Meio-ambiente e sustentabilidade; c) Participação e diálogo; d) Esfera pública; e) Subjetividade/intersubjetividade indígena e GS; f) GS, BV e racionalidade e g) O BV e os sentidos da emancipação.
Como resultado do exercício teórico realizado, visualizamos aproximações entre a cosmovisão indígena enfeixada pelo BV e uma cosmovisão derivada do debate brasileiro em torno da GS, com uma diferença das influências modernas mais evidentes no segundo conceito, o que tem correlação com o seu próprio local de origem (sociedade moderna). Percebemos ainda vários elementos que se expressam na GS e que são encontrados nas práticas indígenas do BV, com a necessidade de se compreender elementos específicos destes elementos e como eles podem contribuir para o aprimoramento da GS.
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