Resumo

Contemporaneamente, parece lógico atribuir às características individuais de um sujeito, efeito considerável sobre as suas decisões. No entanto, tal aspecto passou a ser descoberto como fator de impacto sobre o processo de decisão nas últimas três décadas, provocando maior curiosidade sobre a temática nos últimos anos. Efetivamente, o despertar dos estudos que destacam as características individuais dos decisores frente ao processo de escolha, em especial aos estilos de decisão inerentes ao sujeito, é evidenciado no final da década de 1990 e início dos anos 2000.

Considerando que o GDMS é o instrumento mais adotado para a mensuração do fenômeno em análise e, a fim de dar sequência às investigações de Löbler et al. (2019) e Lehnhart et al. (2021), este estudo tem como objetivo validar o modelo do Inventário Geral de Estilos de Tomada de Decisão a partir do GDMS para o contexto brasileiro, proposto originalmente por Scott e Bruce (1995).

Os primeiros trabalhos acerca dos estilos de decisão, que embasaram a proposição conceitual de Scott e Bruce (1995), tratavam os estilos de decisão como um padrão habitual utilizado na tomada de decisão (Driver, 1979), como as características individuais empregadas em uma tarefa de decisão (Harren, 1979) e como um hábito aprendido na quantidade de informações e alternativas consideradas na decisão (Driver, Brousseau, Hunsaker, 1998). Nesse sentido, a proposição de Scott e Bruce (1995) foi integrar e expandir esses trabalhos anteriores, construindo uma medida para os estilos de decisão.

Este estudo está caracterizado de natureza descritiva, com abordagem quantitativa, por meio de uma survey. O instrumento original possui 25 itens, divididos nos cinco estilos de tomada de decisão, tendo como base a versão do GDMS adaptada transculturalmente e validada por Lehnhart et al. (2021). Foram aplicados 1.183 instrumentos por meio de um sistema de questionário online de uma Instituição Federal de Ensino. Com relação à análise dos dados, foi aplicada a Análise Fatorial Confirmatória (AFC) para verificar a validade convergente, unidimensionalidade e validade discriminante dos construtos.

Com base nos escores obtidos, os dados indicam que o modelo atende aos critérios de validade propostos, ou seja, o modelo integrado do Inventário Geral dos Estilos de Tomada de Decisão é uma escala adequada para o contexto brasileiro. Desse modo, dos 25 itens propostos no modelo original de Scott e Bruce (1995), 19 variáveis compuseram o modelo final validado, retirando-se os itens 1 e 2 do Estilo Racional; os itens 8 e 9 do Estilo Racional; e os itens 23 e 25 do Estilo Espontâneo, pois apresentaram cargas fatoriais menores que 0,7.

No presente estudo mantiveram-se os cinco fatores propostos por Scott e Bruce (1995), com exceção das afirmativas retiradas durante as rodadas da AFC. Além disso, foram inseridas correlações entre os erros das variáveis que faziam sentido teórico: Estilo Dependente – Q11↔Q12; Q11↔ Q13; Estilo Espontâneo - Q19↔Q20. Assim, conclui-se que o GDMS constitui instrumento adequado para investigações acerca dos estilos de tomada de decisão individual no contexto brasileiro. Ademais, sugere-se que estudos futuros testem a validade do instrumento conjuntamente com outras medidas de diferenças individuais

Lehnhart, E. R., Tontini, J., Löbler, M. L., Bender, C. S. & Tagliapietra, R. D. (2021). Versão brasileira do Inventário Geral de Estilos de Tomada de Decisão (GDMS): Tradução, Adaptação e Validação. In EnANPAD 2021. (p. 16). Online. Löbler, M. L., dos Reis, E., Nishi, J. M., & Tagliapietra, R. D. (2019). Inventário de estilos de tomada de decisão: Validação de instrumento no contexto brasileiro. Revista de Administração Unimep, 17(1). Scott, S. G. & Bruce, R. A. (1995). Decision-making style: the development and assessment of a new measure. Educational and Psychological Measurement, 55(5).