O QUADRO TEÓRICO DE PIERRE BOURDIEU E A ANÁLISE DE CORRESPONDÊNCIAS MÚLTIPLAS: UM ESTUDO SOBRE A DISTRIBUIÇÃO DE CAPITAL NO CAMPO DO PODER FORMADO POR DEZ BANCOS EM OPERAÇÃO NO BRASIL
Bourdieu
Bancos Brasileiros
Análise de Correspondências Múltiplas
Área
Estudos Organizacionais
Tema
Simbolismos, Culturas e Identidades
Autores
Nome
1 - Wilson Lee UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR) - São Carlos
2 - Silvio Eduardo Alvarez Candido UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR) - Departamento de Engenharia de Produção / PPG em Administração de Organizações e Sistemas Públicos
3 - Glauber Eduardo Gonçalves UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR) - Campus São Carlos
4 - Rafael de Freitas UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR) - São Carlos
Reumo
Através do quadro teórico de Bourdieu e de dados disponíveis sobre a trajetória histórica de executivos e dirigentes das organizações, é possível discutir o campo do poder entre os principais bancos brasileiros. Foram selecionados os CEOs e membros dos conselhos de administração de dez bancos, sendo os cinco maiores bancos tradicionais e cinco melhores bancos digitais. Utilizando a prosopografia e Análise de Correspondências Múltiplas, foi possível obter uma nuvem de propriedades que representa o espaço social em disputa pelos dominantes (bancos tradicionais) e desafiantes (bancos digitais)
As organizações financeiras e bancárias são estudadas em geral por suas estruturas econômicas. Contudo, a visão organizacional não recebe a mesma preocupação sob a perspectiva cultural e simbólica. Este estudo tem como objetivo compreender a distribuição relativa de capitais no campo de poder formado pelos agentes da elite do setor bancário, de modo a compreender as disputas em um campo por meio das trajetórias biográficas dos agentes selecionados na amostra.
Baseado no quadro teórico de Bourdieu e na tríade campo, capitais e habitus, o conceito “organization-as-field” apresentado por Emirbayer e Johnson (2008) pode ser um importante instrumento para a identificação de disputas pelo poder em um campo. Já o processo de financeirização tem mudado qualitativamente as disputas no campo econômico, modificando as relações dos agentes com a economia e a sociedade, conforme afirma Davis (2009). Bancos são organizações dominantes em espaços econômicos, mas possuem disputas inter-organizações.
Utilização de técnicas de pesquisas que possam ser combinadas com a abordagem relacional. No caso dos estudos organizacionais, pode-se utilizar as técnicas de pesquisa documental, através de coleta e seleção de dados por meio de prosopografia. Para a análise de dados foi utilizada a Análise de Correspondências Múltiplas, para obter uma nuvem de propriedades que representa o espaço social em disputa pelos agentes. diferentes formas de capital identificadas em posse dos dirigentes
A partir da amostra de dez bancos, os dados foram organizados em uma matriz prosopográfica organizada em 91 indivíduos em 12 variáveis e 29 categorias. A ACM revelou um espaço social com tensão entre as capitais culturais no eixo principal e distinções entre os capitais sociais e simbólicas no eixo complementar. Na análise dos indivíduos resultou em 4 clusters distintos por seus capitais. Agentes dominantes e desafiantes sobrepõem compartilham de categorias semelhantes, mas se separam em combinações de capitais distintos.
A Análise de Correspondências Múltiplas é uma poderosa e flexível ferramenta analítica e pode ser utilizada como o ponto de partida de um estudo da cultura de uma organização. Ao apresentar a distribuição relativas de capitais no campo do poder fornece embasamento ao pesquisador para a realização da análise dos habitus dos agentes. O estudo cultural da organização por meio desta técnica é capaz de identificar como a disputa de capitais pela alta gerência das dez organizações e como estes agentes possuem trajetórias homólogas que os aproximam e distinguem em um campo.
BOURDIEU, P. As estruturas sociais da economia. Tradução Lígia Calapez; Pedro Simões. Revisão técnica Carlos Gomes. Porto: Campo das Letras, 2006.
DAVIS, G. F. Managed by The Markets: How Finance Re-shaped America. New York: Oxford University Press Inc., 2009.
EMIRBAYER, M.; JOHNSON, V. Bourdieu and organizational analysis. Theory and Society, v. 37, p. 1-44, 2008.
Disponível em: https://doi-org.ez31.periodicos.capes.gov.br/10.1007/s11186-007-9052-y. Acesso em 06 set. 2021.