Resumo

Título do Artigo

O PROCESSO DE (RE)ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PRODUTIVO E REPRODUTIVO NO ESPAÇO PRIVADO DAS MULHERES PROPRIETÁRIAS DE NEGÓCIOS DA CONFECÇÃO NO AGRESTE PERNAMBUCANO
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Palavras Chave

Gênero
Divisão sexual do trabalho
Processos organizacionais

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Diversidade, Diferença e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Denise Clementino de Souza
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Programa de Pós-Graduação em Gestão, Inovação e Consumo (PPGIC/UFPE). Membro GEIA/UFPE/CNPq.
2 - Mariana Patrícia de Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - CAMPUS ACADÊMICO DO AGRESTE (CAA)
3 - Cristiane Ana da Silva Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO (UFRPE) - RECIFE

Reumo

No Brasil, seguindo a tendência global, a inserção das mulheres no mercado de trabalho é marcada por desigualdades (HIRATA; KERGOAT, 2007), que as acompanha desde o espaço privado do lar, deixando-as sobrecarregadas com a dupla jornada de trabalho e em condição de desvantagem em ambos os ambientes (LODI, 2000). No Agreste pernambucano de confecções, observou-se outro modo organizativo do trabalho, na qual as mulheres lutam pela sua emancipação financeira ao se (re)organizarem no próprio espaço privado. Incorporando em apenas um local, sua residência, as atividades produtivas e reprodutivas.
Por um lado, observa-se a preponderância da mão de obra feminina no trabalho da confecção; por outro, pouco se tem estudado a mulher nesse contexto. Ressaltar sua participação na construção social ajuda a diminuir essa invisibilidade nas organizações. Assim, o artigo visa analisar como mulheres proprietárias de negócio de confecção no Agreste pernambucano (re)organizaram seu trabalho produtivo e reprodutivo no espaço privado de suas casas levando em consideração as relações de gênero.
As relações de classe e de gênero encontram-se como estruturantes sociais e se superpõem, podendo ser percebida na divisão sexual do trabalho. Essa configuração histórica se molda a cada sociedade e tem como característica o direcionamento prioritário dos homens à esfera produtiva e das mulheres à esfera reprodutiva. Dessa forma, eles se apropriam de funções consideradas de maior valor social, restando às mulheres atividades de menor reconhecimento (HIRATA; KERGOAT, 2007). Em geral, sua atividade laboral é tida como uma ajuda ou complementar mesmo quando exerce função de provedora familiar.
Este estudo utilizou-se da abordagem qualitativa do tipo exploratório-descritivo (MINAYO, 2001). A coleta das informações foi realizada a partir de entrevistas semiestruturadas (CRESWELL, 2018) com 23 mulheres proprietárias de negócios de confecções no Calçadão Miguel Arraes, grande centro de compras localizado no Agreste de Pernambuco, além de observações não participantes. Os achados foram tratados a partir da análise de conteúdo temática (BARDIN, 2000).
A informalidade é característica dos estabelecimentos. O tempo das mulheres é fracionado entre as tarefas domésticas e o negócio, concomitantemente em um único local e sem uma separação. Dão conta do trabalho doméstico praticamente sozinhas, gerando exaustão e falta de momentos de lazer. Os homens se beneficiam dessa situação, pois podem se dedicar totalmente a sua carreira. Ao atuar o ambiente público, as entrevistadas enfrentam problemas ligados às desigualdades de gênero, bem como dificuldades relacionadas à infraestrutura, segurança etc., fatores que afetam sua qualidade de vida.
Ter seu próprio negócio gera falsa impressão de flexibilidade; a rotina laboral das proprietárias é extensa e com acúmulo da atividade produtiva e reprodutiva imbricadas no mesmo espaço, gerando tripla jornada e condições precárias de trabalho; a emancipação financeira dessas mulheres ocorre a partir da (re)organização das funções no próprio ambiente privado do lar, divergindo da literatura que relaciona sua autonomia ao ingresso no ambiente público; e a informalidade, típica da região, favorece a entrada das entrevistadas no setor de confecções, mas as priva de acesso à seguridade social.
BRUSCHINI, M. C. A. Trabalho e gênero no Brasil nos últimos dez anos. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, p. 537–572, 2007. HIRATA, H.; KERGOAT, D. Novas configurações da divisão sexual do trabalho. Cadernos de Pesquisa, v. 37, n. 132, p. 595-609, 2007. SOUZA, D. C.; MARTINS, T. L. D.; PAIVA, R. D. S.; SA, M. G. Caracterização do público lojista de um centro de compras no agreste das confecções: tendências disposicionais e tensões administrativas. Organizações & Sociedade. v. 27, p. 182-198, 2020.