Resumo

Refletir sobre o modelo de aprendizagem é importante em qualquer processo pedagógico, incluindo o ensino de empreendedorismo. O ensino de empreendedorismo requer mais que repasse de conceitos. No modelo tradicional o estudante normalmente assume um claro objetivo na sala de aula: o do desempenho e não o da aprendizagem, em que as notas de provas e testes são o elemento central do processo de avaliação. Embora este modelo no qual o estudante é passivo seja o paradigma dominante nas salas de aula brasileiras é importante repensar e conduzir reflexões que mostrem outras possibilidades.

Dentre as principais causas de mortalidade das empresas brasileiras está o nível educacional. Para tanto, o objetivo desse estudo centra-se em investigar as perspectivas teóricas e práticas no ensino de empreendedorismo a partir dos artigos publicados no EnANPAD entre 2007 a 2017 e discutir os impactos do uso de metodologias ativas e dos processos de gamificação no ensino de empreendedorismo apresentando a experiência de gamificação nas disciplinas de empreendedorismo do Departamento de Administração da Universidade Federal de Viçosa.

Teoricamente abordou-se sobre o ensino de empreendedorismo e sobre a gamificação como estratégia de aprendizagem. As abordagens sobre aprendizado precisam ser conhecidas pelos professores, de forma que estes tenham consciência da forma como estão agindo dentro de sala de aula e que tipo de profissional, e de cidadão, está formando para a sociedade. Além da importância de fazer com que o aluno saiba pensar e tornar o ator principal. No que tange a metodologia ativa gamificação, é entendida como uma estratégia para potencializar a motivação e o engajamento, tornando o processo mais atrativo.

Trata-se de uma análise de conteúdo com categoria definida. A categoria ensino teórico possui como componente a teoria e epistemologia e estão aqui inseridos os artigos que discutem sobre o ensino do empreendedorismo de forma mais teórica, enquanto a categoria ensino prático possui a prática e metodologias ativas no rol de seus componentes. Posteriormente, houve análise de documentos das disciplinas de empreendedorismo da UFV, bem como a aplicação de um questionário online aos estudantes para compreender as percepções sobre o uso de metodologias ativas e do processo de gamificação.

A análise concluiu que a teoria e a prática não estão de tudo afastadas, mas poderiam estar ainda mais articuladas. Os artigos caminham para a discussão da importância da junção da teoria e prática no ensino de empreendedorismo. Trata-se de compreender que o ensino de empreendedorismo não se restringe aos limites da disciplina, mas que a mesma é um meio para despertar o interesse de alunos, para transmitir conhecimento acadêmico, dada a natureza de uma instituição de ensino e ser a mola propulsora para a busca por outros espaços por aqueles que o queiram, de forma intercambiável.

Avaliações fundamentadas em um modelo tradicional de ensino podem exigir dos estudantes apenas a sua capacidade de gravar informações na memória. Neste modelo prevalece a passividade do estudante e autoridade do professor. Os jovens estudantes, desestimulados com esse paradigma pedagógico, clamam por novas dinâmicas e processos nas salas de aula. Este artigo trouxe essa reflexão aplicada a disciplinas de empreendedorismo, chamando os professores a serem protagonistas de uma mudança nas estratégias didático-pedagógicas.

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