Resumo

Título do Artigo

CASAIS DUAL-CAREER HOMOAFETIVOS E AS ORGANIZAÇÕES: narrativas e reflexões
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Palavras Chave

dual-career
casais homoafetivos
trabalho-família

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Carreiras

Autores

Nome
1 - Guilherme Pinheiro Maria
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Piracicaba
2 - Heliani Berlato
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Esalq
3 - Danilo Andretta
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - EAESP

Reumo

A dual-career segue como um tema muito recorrente, dado às suas especificidades que vão desde compreensões sobre papéis sociais a configurações familiares, tendo como principal norteador a interface trabalho-família presente na relação conjugal entre um homem e uma mulher (BERLATO; CORREA, 2017). Todavia, diferentes arranjos familiares não têm sido alvo de muitos estudos na dual-career, tornando-se necessário considerar as mais variadas formas e olhares, o que inclui a atenção aos casais formados por pessoas do mesmo sexo, denominados casais homoafetivos (SAWYER; THOROUGHGOOD; LADGE, 2017).
Esta pesquisa teve como objetivo compreender as vivências dos casais dual-career homoafetivos nas organizações. Deste modo, a pergunta de pesquisa é assim definida: “como os casais homoafetivos vivenciam a dual-career nas organizações?”.
O fenômeno dual-career evidencia a configuração familiar na qual ambos os cônjuges, marido e mulher, buscam desenvolver a carreira e, simultaneamente, manter compromissos com uma vida conjugal e familiar (RAPOPORT; RAPOPORT, 1971). Grande parte da literatura sobre a dual-career tem como foco salientar os dilemas dos casais ao tentar conciliar as demandas do trabalho e da família. Todavia, quando se lança um olhar aos casais homoafetivos, a literatura mostra que as duas esferas são intersecionadas de maneira diferente (SAWYER; THOROUGHGOOD; LADGE, 2017).
A abordagem de pesquisa adotada neste trabalho é qualitativa. O sujeito de pesquisa foi definido como um indivíduo que vive uma relação conjugal (casado ou em união estável) com uma pessoa do mesmo sexo, e na qual ambos trabalham. A partir desta definição de dual-career, seis casais homoafetivos participaram da pesquisa. Os indivíduos foram entrevistados individualmente. O roteiro de entrevista foi do tipo semiestruturado e contou com 16 questões. A técnica de análise dos dados utilizada nesta pesquisa foi a análise de narrativa (RIESSMAN, 1993).
A partir das entrevistas identificou-se três narrativas emergentes das falas dos entrevistados. A primeira narrativa é o medo da rejeição na empresa quando se descobre que o indivíduo vive uma relação homoafetiva. Na segunda narrativa os entrevistados buscaram evidenciar que são privilegiados por não terem passado por muitas dificuldades ou sofrido preconceito nas organizações em que trabalham. E a terceira narrativa evidenciou que diante da relação entre trabalho e família, a família é colocada em primeiro lugar pelos casais homoafetivos que vivenciam a dual-career.
Os anseios e dilemas relatados por casais dual-career homoafetivos apontam para como a orientação sexual é uma questão determinante das experiências marcantes no ambiente de trabalho, exigindo das organizações políticas e práticas de promoção à diversidade sexual no trabalho capazes de garantir a igualdade de oportunidades e inibir situações de discriminação. Além disso, as demandas familiares também podem impactar a relação dos casais dual-career com o trabalho, o que demanda das organizações um olhar mais atento sobre como seus funcionários casados dão importância ao trabalho.
BERLATO, H.; CORREA, K. F. Uma reformulação no modelo conceitual sobre dual career para análise no âmbito organizacional: revelando novas vertentes. Brazilian Business Review, v. 14, n. 2, pp. 225-246, 2017. SAWYER, K; THOROUGHGOOD, C; LADGE, J. Invisible families, invisible conflicts: Examining the added layer of work-family conflict for employees with LGB families. Journal of Vocacional Behaviour, v. 23, pp. 23-29, 2017. RAPOPORT, R; RAPOPORT, R. N. Further Considerations on the Dual Career Family. Human Relations, v. 24, n. 6, pp. 519-533,1971. RIESSMAN, C. K. Narrative analysis. Sage,1993.