1 - Maria Paula Novakoski Perides Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Administração
2 - Eliana de Souza Gavioli Grupo Anga - Sede
3 - Jean Nadal Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Administração
Reumo
Com as grandes transformações que o mundo vem sofrendo nos últimos anos, empresas de praticamente todos os setores e tamanhos estão sendo pressionadas a reinventar seus modelos de negócio, na esperança de se tornarem ágeis e inovadoras. Simultaneamente, as pessoas têm começado a enxergar o trabalho como uma atividade que deve ter um significado pessoal ou um propósito. Frente a esse cenário, as organizações auto-organizadas têm se configurado uma solução para tornar as empresas mais ágeis, aumentando sua velocidade de resposta às demandas de mercado, bem com a satisfação de seus profissionais.
A maioria das pesquisas que estuda o tema das organizações auto-organizadas trata sua estrutura organizacional como um modelo único. No entanto, acreditamos que, debaixo do guarda-chuva de "organizações auto-organizadas", podem existir diferentes estruturas organizacionais, com propostas diferentes para solucionar um mesmo problema, como por exemplo as organizações ágeis e as organizações sociocráticas. Assim, o objetivo desse artigo é identificar se entre as organizações que adotam uma estrutura com equipes auto-organizadas podem existir diferentes formas organizacionais.
Para identificar as possíveis diferenças entre os dois tipos de organização, elas foram analisadas comparando a maneira como respondem aos quatro problemas universais propostos por Puranam, Alexy e Reitzig, (2014) para identificação de diferentes formas organizacionais. Assim, essa seção aborda a definição de Forma Organizacional segundo esses autores, apresentando alguns dos modelos mais importantes, como a burocracia e a adhocracia e, em seguida, aborda as definições e as principais características de organizações auto-organizadas, incluindo as organizações ágeis e sociocráticas.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa e descritiva. A estratégia adotada é o estudo de caso em duas organizações. Quanto à coleta, foram utilizados dados primários e secundários. Os dados primários foram coletados em três entrevistas semiestruturadas. Na organização ágil, foram duas entrevistas, uma com o Head de Produtos e uma com o Representante Comercial. Na empresa sociocrática foi realizada uma entrevista com o CEO. A partir dos dados levantados, foram feitas pesquisas em documentos, artigos e no próprio site das organizações. Para análise dos dados foi utilizada a análise de conteúdo.
Inicialmente é apresentada a organização Ágil, detalhando-se sua estrutura organizacional, bem como seus principais processos. Em seguia é descrita a organização sociocrática, com seu modelo operacional e suas características mais importantes. As duas empresas são então comparadas, à luz do referencial teórico, analisando as similaridades e diferenças na maneira como cada uma delas responde aos quatro problemas universais.
Ao comparar a maneira como cada uma das organizações responde aos quatro problemas universais, é possível perceber que ambas possuem processos muito semelhantes para dois dos problemas: a alocação das tarefas e a provisão de recompensas. No entanto, para os dois problemas restantes, a divisão das tarefas e a distribuição das informações, as respostas são substancialmente diferentes, caracterizando formas organizacionais distintas de acordo com o referencial teórico utilizado.
Puranam, P., Alexy, O., & Reitzig, M. (2014). What’s “new” about new forms of organizing? Academy of Management Review, 39(2), 162–180
Martela, F. (2019). What makes self-managing organizations novel? Comparing how Weberian bureaucracy, Mintzberg’s adhocracy, and self-organizing solve six fundamental problems of organizing. Journal of Organization Design, 8(1).
Lee, M. Y., & Edmondson, A. C. (2017). Self-managing organizations: Exploring the limits of less-hierarchical organizing. Research in Organizational Behavior, 37, 35–58.