Resumo

Na Administração, o tema conhecimento em organizações não foi definido com precisão e ao utilizar o conceito, as teorias existentes tem privilegiado processos de criação e transferência de conhecimento sem explorar dinâmicas de institucionalização de conhecimento no nível micro. A emergência da gestão do conhecimento como um tema central nos estudos organizacionais tem permitido a consolidação progressiva da perspectiva gerencialista, entretanto, não aborda a experiência acumulada e a relação social para que o conhecimento evolua e proporcione mudanças nas organizações.

Este ensaio tem por objetivo propor uma nova tipologia para estudos que tratem o conceito de conhecimento em organizações e propor um modelo teórico para investigar as microfundações da institucionalização que poderá ser útil para resolver alguns problemas de pesquisa. Deste modo, será possível identificar quais são os processos pelos quais formas específicas de conhecimento vêm à tona e, eventualmente, codificados em artefatos, sistemas e estruturas estáveis de significação, bem como que tipo de conhecimento está incorporado nas práticas subjacentes de um contexto institucional.

Conhecimento pode adquirir um sentido amplo a ponto de não poder ser dimensionado operacionalmente. As tentativas observadas na literatura (PROBST et al., 2002; DAVENPORT; PRUSAK, 1998; NONAKA; TAKEUCHI, 1997, 2006; entre outros) acabam por privilegiar o conhecimento em seu aspecto mais concreto, limitando o conceito. A institucionalização do conhecimento requer um princípio gerador ou código, que reproduz padrões de comportamento por meio de uma variedade de trabalhos institucionais realizados por atores sociais imersos (GRANOVETTER, 1985; LAWRENCE; SUDDABY, 2006) de modo a explicar mudanças.

A noção de conhecimento difundido num campo organizacional pode ser delimitada a partir de atores imersos em redes interorganizacionais, pois os fundamentos dessa difusão operam no macronível, mediante pressões institucionais oriundas do contexto ou das próprias instituições; e no micronível, pela ação dos agentes em suas arenas, ao fazer prevalecer seus conhecimentos nas relações sociais com outros atores. A implementação de ações, ao ser aceita no campo, inicia um provável processo de internalização de conhecimentos pelos atores sociais envolvidos visando a aprendizagem organizacional.

O modelo de microfundações da institucionalização de padrões de gestão proposto, possibilita explicar o surgimento de instituições e a evolução das condições econômicas e relacionais de um campo organizacional. A partir do trabalho institucional e dos tipos de conhecimento em organizações, é possível visualizar esse modelo, delimitando a aceitação de padrões, implementação por meio do trabalho institucional, internalização de conhecimentos e difusão na rede de relações, para então avaliar empiricamente o estágio de institucionalização presente nas organizações.

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