Resumo

Título do Artigo

O (De)embate da Cientificidade de Pesquisas Qualitativas na Administração: uma questão superada?
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Palavras Chave

Cientificidade
Epistemologias
Pesquisa Qualitativa

Área

Ensino e Pesquisa em Administração

Tema

Métodos e Técnicas de Pesquisa

Autores

Nome
1 - Georgiana Luna Batinga
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL (UFMS) - Câmpus Chapadão do Sul - CPCS
2 - Bruno Medeiros Ássimos
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico

Reumo

A cientificidade na Administração é calcada nos pressupostos epistemológicos positivistas e ancora-se no paradigma funcionalista, com a predominância de pesquisas conduzidas por perspectivas objetivistas, inspiradas em uma ortodoxia científica que orienta os debates do campo acerca de fenômenos organizacionais. É possível afirmar que algumas áreas da Administração parecem ter superado essa hegemonia, mas o paradigma dominante ainda prevalece, e está para além do dilema “quali x quanti”, refletindo o posicionamento político-epistemológico, gerando uma agenda de pesquisa difícil de ser superada.
O paradigma dominante defende a previsibilidade de fenômenos a partir de suas regularidades e das relações causa e efeito, privilegiando resultados de pesquisas quantitativas que explicam e preveem uma realidade objetiva, racional e neutra. Dessa forma, em meio a disputas, esse ensaio tem como objetivo apresentar uma reflexão acerca da hegemonia do paradigma dominante que ainda persiste no campo e do lugar da abordagem qualitativa na Administração, assim como o respeito à liberdade de escolha do pesquisador. Para atender ao objetivo traçado recorremos a uma revisão da literatura sobre o tema.
Ao abordar o tema de confiabilidade, validade e generalizações em pesquisas qualitativas deslumbra-se um cenário conflituoso e nebuloso, pois o entendimento sobre o critério de cientificidade em estudos qualitativos ainda é um debate que carece de discussões direcionadas. De um modo geral, tais discussões caminham em duas direções distintas: se por um lado há autores que negam os pressupostos do positivismo possam ser aplicados nas pesquisas qualitativas e aderem a outras epistemologias; por outro, há autores que buscam enquadrar esses estudos nos pressupostos do positivismo.
Em torno do tema, acompanham preocupações acerca da legitimidade científica, afinal, do que se constitui um trabalho científico? A utilização de pesquisas qualitativas ainda tem sido alvo de críticas e questionamentos quando avaliadas sob a ótica de critérios clássicos de cientificidade, orientadas por crenças positivistas. Os resultados de estudos qualitativos, por vezes, são reconhecidos como frágeis e incertos. Mas, para além das diferenças epistemológicas, um debate ainda mais acirrado paira sobre os estudos científicos e diz respeito a confiabilidade, a validade e generalizações.
É importante lembrar que a decisão por uma abordagem de pesquisa é definida, sobretudo, pela posição epistemológica do pesquisador, que fundamenta sua postura filosófica frente ao objeto de pesquisa, a escolha do método, procedimentos de coleta e análise dos dados. Como desfecho, Considera-se a pertinência de todos os paradigmas, reconhecendo seus pressupostos, e ressalta-se a importância de abordagens alternativas, sem o abandono dos percursos tradicionais, superando o (de)embate por meio de uma atitude científica reflexiva e crítica, sem excluir ou fragmentar, mas integrando e englobando.
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