Resumo

Título do Artigo

Análise de uma Base de Dados Inédita sobre a Formação Acadêmica dos Dirigentes das Instituições Financeiras Brasileiras
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Palavras Chave

Elites
Governança corporativa
Setor financeiro no Brasil

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Carreiras e Competências

Autores

Nome
1 - Marcelo Pinho
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR) - Departamento de Engenharia de Produção
2 - Lucas Oishi Grigolin
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR) - São Carlos
3 - João Vitor Lopes
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS (UFSCAR) - São Carlos

Reumo

O perfil social dos dirigentes de empresas interessa tanto às ciências sociais, em seus estudos sobre as elites, quanto à administração, que busca vínculos entre o desempenho das firmas e características dos indivíduos que as dirigem. O artigo contribui para os dois campos de conhecimento analisando a formação acadêmica nos níveis de graduação e pós-graduação de um importante grupo social, os dirigentes de instituições financeiras brasileiras. Informações sobre 1.049 indivíduos coletados nos sites dessas empresas foram sistematizados numa base de dados e submetidos aqui a uma primeira análise.
O artigo procura explicar como se caracteriza a formação acadêmica dos dirigentes de instituições financeiras (IF) no Brasil. Explorando informações sobre as áreas de conhecimento e as instituições de ensino, inclusive localização e vínculo institucional, o artigo tem por objetivo central analisar um aspecto importante, a formação acadêmica, dessa categoria profissional.
Vertentes teóricas distintas, como a teoria da agência, a visão baseada em recursos e a teoria dos escalões superiores, têm destacado a importância da composição das direções das empresas na explicação de sua conduta e desempenho (JOHNSON et al., 2013). No Brasil, além da questão mais geral (ANDRADE et al., 2009), há estudos que examinam o impacto do capital social dos seus integrantes (ARANHA et al., 2016), da participação feminina (COSTA et al., 2019) e da presença de membros com carreiras políticas (CAMILO et al., 2012). Não se conhece, porém, estudos que abordem o setor financeiro.
Assumindo, como Cousin et al. (2018) propõem, que “listas focadas” são úteis para o estudo das elites, o ponto de partida da pesquisa foi a consulta aos sites de cada uma das 247 instituições financeiras vinculadas à Anbima para a construção de uma base primária de dados. Os résumés dos dirigentes disponíveis nesses sites foram sistematizados e geraram uma base de dados sobre 1.049 indivíduos. A análise dessa base de dados fez uso de estatísticas descritivas sobe o conjunto das instituições, mas também sobre dois segmentos em que se pode dividir o setor financeiro.
A base de dados cobre 19 bancos, inclusive os cinco maiores do País, e 65 instituições financeiras não bancárias. Entre os vários achados da pesquisa, pode-se destacar: (1) a proporção muito pequena (13%) de mulheres; (2) a baixa frequência (17%) de dirigentes com cursos de pós-graduação stricto sensu; e (3) a concentração (80%) das graduações em três áreas de conhecimento (administração, economia e engenharia), em relativamente poucas instituições – metade das graduações em apenas seis instituições – e, mais ainda, em instituições de ensino localizadas no eixo Rio-São Paulo (82% do total).
Apoiando-se na comparação com outros estudos e países, conclui-se que: (1) a participação feminina é baixa mesmo em relação a outras posições de elite na sociedade brasileira; (2) a concentração das graduações dos dirigentes de IF em três áreas é maior do que entre os membros dos conselhos de empresas; (3) instituições públicas não predominam em nenhum dos níveis de ensino; e (4) as formações são bastante concentradas, mas não ao ponto de permitir inferir que a passagem por um grupo muito restrito de escolas é condição para o acesso a posições de elite no mercado financeiro brasileiro.
ANDRADE, L.P. et al. Governança Corporativa: Uma Análise da Relação do Conselho (...). Rev. Adm. Mackenzie, 10 (4), 2009. ARANHA, C.E. et al. Capital Social do Conselho de Administração e Desempenho das Empresas (...). Rev. Adm. Mackenzie, 17 (1), 2016. COSTA, L. et al. Diversidade de Gênero nos Conselhos Administrativos e sua Relação (...). Rev. Adm. Contemporânea, 23 (6), 2019. COUSIN, B. et al. Theoretical and Methodological Pathways for Research on Elites. Socio-Economic Review, 16 (2), 2018. JOHNSON, S.G. et al. Board Composition Beyond Independence. Journal of Management, 39 (1), 2013.