Resumo

Título do Artigo

DE OPRESSORES A OPRIMIDOS: relação entre estressores psicossociais e satisfação no trabalho do agente responsável pela custódia do preso em Minas Gerais
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Palavras Chave

estressores psicossociais
satisfação no trabalho
agentes prisionais

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Significado do Trabalho, Satisfação e Mecanismos de Recompensa

Autores

Nome
1 - Ludmila Rejane Freitas Brandão
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS (UNIFAL-MG) - Varginha
2 - Virgínia D. Carvalho
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS (UNIFAL-MG) - ICSA

Reumo

As características típicas do sistema prisional também são sentidas pelos indivíduos que lá trabalham, notadamente pelos responsáveis pela custódia dos presos, delineando um cenário complexo, dado que o trabalho possui um caráter constituidor do sujeito. Estudos têm reconhecido o nexo entre saúde psíquica e trabalho, sendo que a análise da relação entre estressores e satisfação no trabalho situa-se no âmbito do debate que busca elucidar essa associação. Entretanto, notadamente no Brasil, essa relação tem sido escassamente explorada em relação aos agentes responsáveis pela custódia dos presos.
A profissão de agente prisional emerge entre as mais estressantes por todo o mundo e no Brasil nota-se relativa escassez de estudos abordando a temática do estresse entre esses profissionais, o que sinaliza uma demanda por iniciativas que fomentem o debate sobre as condições de trabalho nesse contexto. Assim, é objetivo do estudo analisar a relação entre estressores psicossociais e satisfação no trabalho dos agentes responsáveis pela custódia dos presos atuantes nos sistema tradicional e método APAC, situados no Estado de Minas Gerais.
O estudo fundamentou-se nas proposições de Cooper e colaboradores (COOPER; DEWE; O'DRISCOLL, 2001) para o estudo dos estressores psicossociais, elencados em um conjunto de categorias, com base nas quais Ferreira et al. (2015) apresentou um instrumento de análise que está sendo aqui adotado. Considerando-se que a satisfação no trabalho é um construto igualmente multifacetado, as contribuições de Coelho Júnior e Faiad (2012) ao resgatar e adaptar uma das medidas clássicas que integram as principais dimensões relacionadas a esse fenômeno, também orientaram a realização da pesquisa.
A amostra foi composta por 206 sujeitos (145 deles atuantes no sistema prisional comum e 61 no método APAC), que responderam à Escala para Avaliação de Estressores Psicossociais no Contexto Laboral – EAEPCL (FERREIRA et al, 2015), à Escala de Satisfação no Trabalho – EST (SIQUEIRA, 2008) e a um formulário de caracterização sociodemográfica e laboral. Foram realizadas análise fatorial exploratória da EST, análises de correlação e regressão hierárquica para cada estressor em relação às dimensões da satisfação no trabalho, controlando-se o efeito da variável sistema prisional.
Os estressores psicossociais ofereceram explicação significativa a todas as dimensões da satisfação no trabalho, independentemente do tipo de sistema prisional. Os atuantes no método APAC apresentaram maior satisfação no trabalho. Quanto à contribuição preditiva de cada estressor, os fatores intrínsecos ao trabalho se relacionaram negativamente com todas as dimensões da satisfação no trabalho, a falta de suporte social se relacionou negativamente com satisfação com a chefia e com promoções e a pressão do grau de responsabilidade se relacionou positivamente com satisfação com a chefia.
O tipo de sistema prisional e os estressores psicossociais analisados se associaram à satisfação no trabalho, sendo que estes últimos adicionaram explicação expressiva à referida variável, para além do tipo de organização. Quanto maior a percepção dos estressores, menor tendeu a ser a satisfação no trabalho, principalmente no que tange às relações com a chefia. A organização do trabalho, as características das tarefas e o fato de não se sentirem ouvidos e reconhecidos se associaram à insatisfação, levando a inferir que esses trabalhadores também se sentem oprimidos pelo sistema prisional.
COELHO JUNIOR, F. A; FAIAD, C. Evidências de Validade da Escala de Satisfação no Trabalho. Revista Avaliação Psicológica, v. 11, n. 1, p. 111-121, 2012. COOPER, C. L.; DEWE, P. J; O’DRISCOLL, M. P. Organizational Stress: a Review and Critique of Theory, Research, and Applications. Tousand Oaks: Sage, 2001. FERREIRA, M. C. et al. Escala para Avaliação de Estressores Psicossociais no Contexto Laboral: Construção e Evidências de Validade. Revista Psicologia Reflexão e Crítica, v. 28, n. 2, p. 340-349, 2015.