Resumo

Nas últimas três décadas, o interesse pelo tema Espiritualidade e suas relações com as várias dimensões da vida humana se ampliou e se diversificou significativamente. Ao mesmo tempo em que o assunto se disseminou num grande número de publicações, conferências e workshops, se popularizando entre práticos, recebeu também expressiva atenção de acadêmicos de diversas áreas do conhecimento como na Psicologia, Medicina e demais áreas da Saúde. Na Administração esse interesse se deu, principalmente, a partir da década de 1980, em busca de investigar a espiritualidade e o ambiente de trabalho.

Este artigo visa apresentar e discutir alguns tópicos dos estudos sobre o tema e trazer para o debate as tendências da produção na área por meio das publicações do Journal of Management, Spirituality & Religion (JMSR), que concentra o maior núcleo de pesquisadores e estudiosos do tema atualmente (produção não contemplada no artigo de Tecchio et al., 2016).

A definição dos termos ‘espiritualidade’ e ‘espiritualidade nas organizações’ é preocupação recorrente nos estudos de EO. Apesar do vasto corpo de literatura que se constituiu, as pesquisas não produziram uma definição consensual sobre o que entendem por ‘espiritualidade’ e mesmo sobre quais seriam suas relações exatas com o trabalho (Hudson, 2014; Arnetz et al., 2013). Uma explicação dada por estudiosos é a complexidade do assunto e que o tornaria de difícil redução a uma única definição enquanto outros afirmam que tal indefinição é típica de campos de estudo que ainda estão em constituição.

A relação positiva entre espiritualidade no trabalho, desempenho e sucesso organizacional tem sido reconhecida como a razão fundamental do interesse pelo tema na área.As pesquisas na área têm sustentado essa noção dos impactos práticos da espiritualidade em comprometimento, criatividade, cooperação, engajamento, satisfação no trabalho, retenção, produtividade e aprendizagem organizacional, enquanto outras ainda revelam que as organizações que têm programas voluntários de espiritualidade tiveram maiores lucros e sucesso sugerem ainda que a espiritualidade seria uma forma de vantagem competitiva

O extenso corpo de literatura produzido nas últimas décadas sobre espiritualidade nas organizações demonstra o crescente interesse dos pesquisadores da área de gestão pelo tema. Mais do que um tópico nas pesquisas organizacionais, os estudos de espiritualidade nas organizações apontam para novas direções ao enfatizar aspectos não econômicos da vida organizacional e apresentar o sentido do trabalho como parte integrante da experiência humana. Como resultado, permitiram aos pesquisadores desafiar os modelos teóricos existentes e redefinir fronteiras nos estudos organizacionais.

Benefiel, M., Fry, L. W., & Geigle, D. (2014). Spirituality and Religion in the Workplace: History, Theory, and Research. Psychology of Religion and Spirituality, 6(3), 175-187. Drive, M. (2007). A “Spiritual Turn” in Organizational Studies: Meaning Making or Meaningless? Journal of Management, Spirituality & Religion, 4(1), pp. 56-86. Fry, L. W. J., Latham, J. R., Clinebell, S., & Krahnke, K. (2014). Spiritual Leadership as a Model for Implementing the Baldrige Performance Criteria. In Academy of Management Proceedings, v. 2014, n. 1, 15.697. Karakas, F. (2010). Spirituality and Performance