Resumo

Define-se identidade profissional como o mecanismo de autopercepção profissional que busca a captura de um senso coletivo no trabalho. O conceito pode ser explicado em função das relações de uma pessoa com os outros, resultando dos processos de socialização e de retórica em um dado contexto. Do estudo das identidades pessoais, a compreensão da identidade profissional deriva da sociologia das profissões e implica na definição do lugar que é ocupado por um indivíduo a partir dos seus relacionamentos no ambiente de trabalho (Dubar, 2001; Slay & Smith, 2011; Amiel, 2017; Best & Williams, 2019).

Na tentativa de integrar o social com o caráter contextual de suas identidades ocupacionais, os indivíduos enfrentam inúmeras tensões diante do estresse e da incerteza na profissão (Pillen, Den Brok, & Beijaard, 2013; Bauer & Murray, 2018; Van der Wal, Oolbekkink-Marchand, Schaap, & Meijer, 2019). Diante disso, o objetivo geral do artigo consistiu em caracterizar a produção científica internacional sobre as tensões na identidade profissional no período de 2010 a 2019.

A identidade profissional é o conceito que descreve as pessoas dentro dos seus respectivos contextos ocupacionais, marcando não apenas o engajamento delas na profissão, mas também o investimento na construção de suas trajetórias profissionais (Neary, 2014; Dias & Derrosso, 2018). Na sociologia do trabalho, a identidade profissional é estudada como um conjunto particular de representação profissional (Hosson, 2015). Unindo uma série de crenças e valores, essa identidade é responsável pela operacionalização dos significados que são construídos dentro da profissão (Dollarhide & Oliver, 2014).

Há uma predominância de estudos com foco nos docentes; Smagorinsky, Cook, Moore e Jackson (2004) são os teóricos mais citados pelos estudos da amostra e; a maioria desses estudos utilizou métodos qualitativos de pesquisa. De complexidade comprovada, o estudo das tensões na identidade profissional tem conseguido, entre outros aspectos, incorporar uma série de debates atuais e relevantes para a academia e a sociedade em geral, como os impactos dos estereótipos femininos, da ansiedade, do estresse e frustração no trabalho na forma como os indivíduos constroem a sua identificação com a profissão.

A revisão sistemática da literatura mostrou que essa identidade ultrapassa barreiras e cenários de atuação, envolvendo a motivação, a identificação social, a socialização e a própria subjetividade do trabalhador, sendo ela projetada nas aspirações e nas interpretações que ele desenvolve ao longo de sua trajetória profissional. Desse modo, o artigo discorreu sobre os mais variados casos de tensões na identidade profissional identificadas em pesquisas empíricas com profissionais do direito, engenharia, segurança, saúde, docência etc.

Dubar, C. (2001). La crise des identités professionnelles. La Crise des Identités: L’interprétation D’une Mutation, 95-128. Slay, H. S., & Smith, D. A. (2011). Professional identity construction: Using narrative to understand the negotiation of professional and stigmatized cultural identities. Human Relations, 64(1), 85-107. Best, S., & Williams, S. (2019). Professional identity in interprofessional teams: findings from a scoping review. Journal of Interprofessional Care, 33(2), 170-181.