Resumo

Título do Artigo

O NOVO CORONAVÍRUS E A AGÊNCIA DISTRIBUÍDA: entendendo a particip(ação) do atuante não-humano
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Palavras Chave

Teoria Ator-Rede
Ontologia Relacional
Pandemia COVID-19

Área

Estudos Organizacionais

Tema

COVID-19, Organizações e Sociedade

Autores

Nome
1 - Eduardo Guedes Villar
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - Programa de Pós Graduação em Administração
2 - Karina De Déa Roglio
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - Departamento de Administracao Geral e Aplicada
3 - Rodrigo Seefeld
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - Campus Jardim Botânico
4 - Marcos Vinícius Pereira Correa
Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) - Campus Paranaguá - Paranaguá

Reumo

O novo coronavírus (SARS-CoV-2) inegavelmente transformou, em escala mundial, o comportamento humano, de organizações e de governos (e.g. Pisano, Sadunm & Zanini, 2020). Trata-se de um caso extremo, mas de proporções globais, que nos proporciona elementos para discutirmos a agência (unicamente) humana nos estudos e teorias organizacionais. Neste sentido, para compreendermos a dinamicidade social frente aos efeitos do novo coronavírus, torna-se necessário perspectivas teóricas que evidenciem os processos e as práticas organizativas de uma realidade fragmentada, heterogênea e em movimento.
Nosso objetivo consiste em compreender, a partir da entrada do novo coronavírus nos arranjos relacionais, as múltiplas inter-relações de atuantes humanos e não-humanos com foco nos efeitos mediados dessas relações. Com base na teoria ator-rede, apresentamos as transformações relacionais advindas da pandemia de COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus) no Brasil. Neste intuito, por meio da perspectiva de antenarrativa rizomática, elaboramos três narrativas para entender os múltiplos caminhos, faces e efeitos da participação do novo coronavírus no contexto brasileiro.
Para a Teoria ator-rede, um ator humano é um efeito gerado por uma rede de materiais heterogêneos com os quais interage (Law, 1992). Nesta perspectiva se combate o “mito ideológico” da ação humana, em que a independência humana de agir, sua liberdade, reflexividade e livre arbítrio foram conflacionadas à noção de agência para colocá-la no centro da teoria social humanista (Passoth et al., 2012, Sayes, 2014). Contudo, ao entender a agência como múltipla, mediada e distribuída (Rammert, 2012), a ação pode ser estudada como um processo distribuído entre muitos atos e atores (atuantes).
O caso do novo coronavírus e a turbulência no arranjo relacional brasileiro diante de sua participação (Greer et al., 2020), torna-o um laboratório ideal para teorizar a participação do atuante não-humano, uma vez que o arranjo relacional está exposto e em evidente (re)negociação. Por meio da perspectiva ante-narrativa rizomática, em um processo não-linear de coleta e análise de dados, recontamos (parte) desta história em três narrativas. Com a análise das movimentações, transformações e traduções relacionais descritas nas narrativas, buscamos teorizar sobre a agência distribuída.
Com base em um entendimento de agência distribuída (Rammert, 2012), apresentamos quatro dimensões de mediação, a saber: (i) a alteração na geometria das relações; (ii) a mudança no “comportamento” de atuantes; (iii) a entrada e saída de atuantes do arranjo; (iv) o deslocamento temporal (temporalidade). O esforço teórico realizado permite esclarecer e dar sentido à participação de atuantes não-humanos em termos agenciais, sem a simples transferência de atributos humanos (e.g. intencionalidade, reflexividade) a estes atuantes.
O caso em estudo caracteriza-se como um caso extremo, em virtude das inéditas transformações endereçadas pela participação do novo-coronavírus em composição com a fragilidade (instabilidade) relacional do contexto brasileiro. A partir da análise das narrativas, ao adentrar o sistema de relações, verificamos que a ação é efeito de nuances de participação humana e não-humana. De maneira a aprofundar o entendimento do processo de mediação que se dá no sistema de relações, identificamos quatro dimensões de ação, fruto da participação distribuída de atuantes humanos e não-humanos.
Boje, D. M. (2011). Storytelling and the future of organizations: An antenarrative handbook. Routledge. Passoth, J., Peuker, B., & M. Schillmeier. (Eds.). (2012). Agency without Actors? New Approaches to Collective Action. London: Routledge. Sayes, E. (2014). Actor–Network Theory and methodology: Just what does it mean to say that nonhumans have agency?. Social Studies of Science, 44(1), 134-149. Mol, A. (2010). Actor-network theory: Sensitive terms and enduring tensions. Kölner Zeitschrift für Soziologie und Sozialpsychologie. Sonderheft, 50, 253-269.