1 - Eduardo Márcio Santos Galdino da Silva UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - PPGA/UNB
2 - Daniel Pires Vieira UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - PPGA
Reumo
Meynhardt e Diefenbach (2012) argumentam que a incorporação dos conceitos de gestão
do setor privado implica em considerar a criação de valor público relacionando o
empreendedorismo à complexidade política e social, que exige uma gestão eficiente e uma
abordagem pró-ativa. Para Tremml (2019), os estudos vinculados ao2
empreendedorismo corporativo do setor público oferecem uma ampla área de pesquisa
acadêmica, em especial quanto sua relação com características específicas das organizações
públicas (Singla, Stritch, & Feeney, 2018; Tremml, 2019)
Analisar a relação entre aspectos organizacionais e a orientação empreendedora no serviço público. De
forma mais específica analisa-se o contexto da Polícia Federal.
O empreendedorismo é a natureza da inovação e caracteriza-se pela construção de
soluções inovadoras, com base em ideias criativas, planejamento, esforços para execução e
disposição para assumir riscos, e requer estimular e alimentar o talento empresarial na
organização (Tidd & Bessant, 2015). Emmendoerfer, Valadares e Hashimoto
(2010) apontam como caraterística do comportamento empreendedor a busca de oportunidades
e iniciativa, o estabelecimento de metas, o planejamento e monitoramento sistemático, a
persuasão e as redes de contatos, e a independência e autoconfiança
Estudo descritivo com a aplicação de técnicas quantitativas de análise. O universo pesquisado foi composto por delegados da Polícia Federal (PF). Dados de fonte
primária, coletados a partir de questionário estruturado, aplicado de forma eletrônica à totalidade da população (1650
delegados). A coleta ocorreu entre os meses de outubro a dezembro de 2019 e resultou em 321
questionários válidos. Os dados coletados foram analisados com análise fatorial exploratória e
análise de regressão múltipla.
Durante as análises fatoriais foram excluídas variáveis com comunalidades baixas,
assim como aquelas com altas cargas em mais de um fator. Os resultados encontrados indicaram
a criação de quatro fatores que explicam 78,04% da variância original das variáveis.O resultado encontrado reflete os argumentos de Singla,
Stritch, e Feeney (2018), indicando que a presença de exigências legais e normativos que
orientam e restringem a liberdade de atuação não estimulam a proatividade, mas redundam em
maior propensão a assumir riscos, contribuindo para a orientação empreendedora.
presente trabalho contribui com a literatura sobre empreendedorismo e inovação em
organizações públicas ao preencher lacuna proposta por Singla, Stritch, & Feeney (2018) e
Tremml (2019) sobre características organizacionais das organizações públicas que se associam
à orientação empreendedora. As análises de regressão indicaram que a Proatividade
Interorganizacional não apresentou qualquer relação com os fatores organizacionais. De forma distinta, a Proatividade Intraorganizacional se associou de forma positiva aos
fatores Liderança e Receptividade a novas Tecnologias.
Singla, A., Stritch, J. M., & Feeney, M. K. (2018). Constrained or creative? Changes in financial
condition and entrepreneurial orientation in public organizations. Public Administration,
96(4), 769–786. https://doi.org/10.1111/padm.12540
Tremml, T. (2019). Linking two worlds ? Entrepreneurial orientation in public enterprises : a
systematic review and research agenda. Annals OfPublic and Cooperative Economics,
90(1), 25–51. https://doi.org/10.1111/apce.12214