Liderança
Desenvolvimento de Liderança
Psicanálise
Área
Estudos Organizacionais
Tema
Comportamento Organizacional
Autores
Nome
1 - Anderson de Souza Sant'Anna ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - Departamento de Administração Geral e Recursos Humanos
Reumo
A abordagem relacional assume que a liderança decorre da inter-relação entre diferentes dimensões além daquelas individuais e unidirecionais entre “superior hierárquico-subordinado”, englobando também fatores interorganizacionais e societais (Uhl-Bien, 2006; Gittell, 2011). Seu foco são, portanto, as dinâmicas e interações complexas subjacentes às dinâmicas de influência e mudança, em diferentes esferas e níveis. Para Uhl-Bien (2006), a problemática central que orienta suas investigações são os processos relacionais em que a liderança emerge e é exercida.
A proposta deste ensaio, o qual articula diferentes saberes, disciplinas e bases epistemológicas, articulando-os (Clegg & Hardy, 1998)a partir de perspectiva bricoleur (Stinchfield, Nelson, Wood, 2010; Lévi-Strauss, 1989), consiste na proposição de dispositivo de análise de relações de liderança, por meio de conversações entre teóricos envolvidos na temática da “criação de conhecimento” em contextos heterotópicos (Foucault, 2013) de inovação (Nonaka & Takeuchi, 1997) e conceitos da semiótica psicanalítica lacaniana, como “transferência”, “sintoma” e “fantasia” (Lacan, 2008).
Por meio do método de "conversações" (Clegg & Hardy, 1998) articulam-se teóricos japoneses envolvidos na temática da “criação de conhecimento” (Nonaka, Krogh, Voelpel, 2006; Nonaka, Toyama, Konno, 2000; Nonaka & Konno, 1998; Nonaka & Takeuchi, 1997) e conceitos da metapsicologia psicanalítica, como as noções de “discurso”, “feminilidade”, “transferência”, “sintoma” e “fantasia” (Lacan, 2008; Coutinho Jorge, 2008; Soler, 2005; Miller, 2002; André, 2001; Freud, 1996).
Diferentemente do gerenciamento (Management), cuja tônica centra-se na “norma” (Foucault, 1987), discute-se o foco da liderança relacional semiótica nas relações de influência e mudança que visam espaços e dispositivos de suplência a limites impostos pela “lei fálica” (Lacan, 2008); isto é, pelo registro de um poder disciplinar e, coletivamente, de um biopoder que quadricula, recorta, classifica, normatiza, exclui, objetifica e massifica (Foucault, 1987).
Transitando pelo esquema SECI (Nonaka & Takeuchi, 1997), porém incorporando elementos das proposições de equivalência com conceitos psicanalíticos aqui hipotetizados, aponta-se para um dispositivo de desenvolvimento da liderança relacional.
André, S. (2011) O que quer uma mulher? Rio de Janeiro: Zahar.
Foucault, M. (2013) O corpo utópico, as heterotopias. São Paulo: n-1 Edições.
Lacan, J. (2008) O Seminário, Livro 20, Mais, ainda. Rio de Janeiro: Zahar.
Nonaka, I.; & Takeuchi, H. (1997) Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica de inovação. Rio de Janeiro: Campus.
Uhl-Bien, M. (2006) Relational leadership theory: Exploring the social processes of leadership and organizing. The Leadership Quarterly, 17: 654-676.
Zaleznik. A. (1977) Managers and leaders: are they different? HBR, 4: 67-78.