Resumo

A partir da segunda metade da década de 1990 a academia observa esforços diferenciados de pesquisadores na busca do entendimento das relações entre os processos da gestão de pessoas e o desempenho das empresas, mais especificamente dentro do campo da gestão estratégica de pessoas (BIANCHI; QUISHIDA; FORONI, 2017). No Brasil a gestão do clima organizacional tem despertado interessa pelo seu potencial para a indução dos resultados organizacionais esperados. Os trabalhos visitados sobre este tema não conseguiram confirmar uma relação robusta entre esse construto e o desempenho organizacional.

Quais são as relações entre o clima organizacional e o desempenho da empresa? Utilizando-se de análises de correlação entre um indicador de clima organizacional e quatro indicadores de desempenho organizacional, sendo dois indicadores puramente financeiros (ROE e liquidez corrente) e outros dois ligados ao desempenho frente ao mercado (variação da receita e a variação da participação), o objetivo deste trabalho é analisar as relações entre o clima organizacional e o desempenho organizacional. Para atingir esse objetivo foram coletados dados de 285 empresas, referentes a um período de dez anos.

Um clima organizacional favorável pode propiciar motivação e interesse nos colaboradores e facilitar uma boa relação entre os funcionários e a empresa (LUZ, 2003). Pode causar impactos nos processos de comunicação, tomada de decisões, solução de problemas, gestão de conflitos, atitudes e satisfação dos colaboradores. Nguyen, Dan e Nguyen (2015) destacam a importância da gestão do clima organizacional, pois sua condição pode impactar significativamente o desempenho das pessoas e, consequentemente, da organização.

É uma pesquisa de abordagem quantitativa, pois utiliza técnicas de análise estatística, e é descritiva, pois visa descrever as características encontradas e estabelecer relações entre variáveis, dando-lhes um significado. O delineamento é documental, dado que os dados analisados são provenientes de fontes secundárias diversas, já utilizados em outras pesquisas, e que são aqui reorganizados para um tratamento analítico com um objetivo diverso do original (GIL, 2008). As técnicas de análise estatísticas utilizadas são a análise descritiva e a análise inferencial.

As análises foram feitas com o apoio do Centro de Estatística Aplicada do IME-USP. Resultados: O IQAT melhora em períodos de crise. O IQAT está relacionado com o desempenho da empresa no mesmo ano e não mais após um ano. A elevação de 1 ponto no IQAT corresponde a 0,004 pontos no ROE; 0,007 pontos na liquidez corrente; 0,003 pontos na variação da participação e 0,002 pontos na variação da receita. Para validar as relações foram conduzidas análises residuais: todos os modelos ficaram bem ajustados e satisfizeram as suposições de média zero, não-correlação e homocedasticidade.

Constatou-se que melhoria no clima organizacional se relaciona de forma positiva o desempenho da empresa no próprio ano, em todas as variáveis de desempenho analisadas, mas não tem relação significativa com as mesmas variáveis após mais um ano. A pesquisa corrobora Luz (2003) e Nguyen, Dang e Nguyen (2015), confirma a influência do clima organizacional sobre o desempenho e quantifica essa influência, que é independente do porte ou o objetivo estratégico almejado, pois os reflexos positivos ocorrem tanto nos indicadores de desempenho financeiro como nos indicadores de desempenho de mercado.

- BIANCHI, Eliane Maria Pires Giavina; QUISHIDA, Alessandra; FORONI, Paula Gabriela. A Leader's Role in Strategic People Management: Reflections, Gaps and Opportunities. Revista de Administração Contemporânea, v. 21, n. 1, p. 41-61, 2017. - LUZ, R. Gestão do Clima Organizacional. Rio de Janeiro: Qualymark, 2003. - NGUYEN, Phong D.; DANG, Chuong X.; NGUYEN, Lam D. Would better earning, work environment, and promotion opportunities increase employee performance? An investigation in state and other sectors in Vietnam. Public Organization Review, v. 15, n. 4, p. 565-579, 2015.