Resumo

As capacidades dinâmicas têm sido uma das perspectivas teóricas mais estudadas dentro do campo de administração estratégica (SCHILKE; HU; HELFAT, 2018). Seu conceito reflete a habilidade da empresa para integrar, construir e reconfigurar suas competências internas e externas em resposta às exigências de ambientes altamente dinâmicos (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997). Adicionalmente, as capacidades dinâmicas podem ser vistas como processos que ocorrem ao longo do tempo, e estão relacionadas à história, à aprendizagem, e ao acúmulo de experiências nas organizações (TEECE, 2007).

Embora se reconheça a importância da temporalidade no desenvolvimento de capacidades dinâmicas, o papel da história nesse processo permanece implícito (CORAIOLA; SUDDABY; FOSTER, 2017). Com efeito, diversos teóricos organizacionais têm propagado o apelo por uma consciência histórica nas pesquisas de administração. Tal abordagem histórica representa a chamada “virada histórica (e.g. CLARK; ROWLLINSON, 2004). Para estabelecer um panorama das pesquisas sobre capacidades dinâmicas que adotam uma abordagem histórica, este estudo emprega a metodologia bibliométrica.

Ao revisitar a literatura das capacidades dinâmicas, percebe-se que elementos como o tempo e a história estão presentes e desempenham um papel importante no entendimento do constructo. Por exemplo, autores como Eisenhardt e Martin (2000), Zollo e Winter (2002) e Teece (2007) argumentam que as capacidades dinâmicas podem ser vistas como processos que ocorrem ao longo do tempo e estão relacionadas à história, à aprendizagem, e ao acúmulo de experiências.

Artigos sobre capacidades dinâmicas com enfoque histórico últimos vêm sendo publicados ao longo das últimas duas décadas, principalmente nos EUA. A respeito do tipo de estudo, identificou-se que 90% são estudos teórico-empíricos com pesquisas realizadas em diversos segmentos da economia, logo, apenas 10% são estudos teóricos. Por fim, ao analisar a visão de história dos artigos, a maioria apresentou uma visão objetiva de história. Apenas três trabalhos consideraram uma visão sócio-cognitiva de história.

A temática de capacidades dinâmicas a partir da abordagem histórica ainda é pouco explorada, indicando oportunidades para pesquisas futuras. Como foi apresentado, embora a relevância de elementos como tempo e história para a compreensão do constructo de capacidades dinâmicas, poucos ensaios teóricos efetivamente investigam suas possíveis associações. Assim, dada a escassez desse tipo de trabalho, sugere-se o desenvolvimento de reflexões teóricas que busquem compreender as implicações de uma abordagem histórica para o fenômeno das capacidades dinâmicas.

CORAIOLA, D.; SUDDABY, R.; FOSTER, W. Mnemonic capabilities: Collective memory as a dynamic capability. Revista de Administração de Empresas, vol. 57 n. 3, p. 258-263, 2017. SCHILKE, O.; HU, S.; HELFAT, C. E. Quo Vadis, Dynamic Capabilities? A Content-Analytic Review of the Current State of Knowledge and Recommendations for Future Research. Academy of Management Annals, v. 12, n.1, p. 390–439, 2018. TEECE, D. J. Explicating dynamic capabilities: The nature and microfoundations of enterprise performance. Strategic Management Journal, vol. 28 n.13, p. 1319-1350, 2007. Dentre outras.