Resumo

As Pequenas e Médias Empresas (PMEs) do setor industrial possuem conhecimento insuficiente sobre métodos de produção, em especial sobre práticas de manufatura enxuta (RYMASZEWSKA, 2014). A filosofia de manufatura enxuta pode ser considerada uma das mais importantes abordagens para a obtenção de competitividade, (SHARMA et al., 2011). No entanto, no contexto de uma cadeia de suprimentos, as PMEs podem ser consideradas participantes pequenas e fracas, sujeitas a pressões competitivas e influências institucionais (BARATHI; CHAUDHURY, 2012).

A seguinte pergunta de pesquisa é investigada: Quais práticas de manufatura enxuta que potencializam o desempenho operacional de PMEs? O objetivo dessa pesquisa é identificar as práticas de manufatura enxuta que potencializam o desempenho operacional de PMEs.

Estudos pioneiros sobre institucionalização preocupavam-se com a forma que uma organização pode tornar-se uma instituição, o que significa ganhar legitimidade perante a sociedade e tornar-se permanente (PECI, 2006). Usando-se este mesmo raciocínio, é possível identificar o nível de institucionalização das práticas enxutas por meio da utilização de modelos de maturidade. (PAULK, 1993). Práticas de manufatura enxuta relacionam-se a técnicas de fabricação e know-how (KHANCHANAPONG et al., 2014) e têm sido apontadas como uma das estratégias que possibilitam o aumento do desempenho operacional.

Foi conduzida uma pesquisa do tipo survey com PMEs do Estado de Santa Catarina. O instrumento utilizado para medir a maturidade das práticas de manufatura enxuta foi adaptado do modelo proposto por Dos Santos Bento e Tontini (2018). A análise de dados envolveu estatística descritiva dos escores de maturidade das práticas e do desempenho operacional e teste de correlação canônica. Os conjuntos de práticas enxutas e de desempenho operacional foram testados quanto à confiabilidade no software SPSS v. 22 e apresentaram, respectivamente, uma alfa de Cronbach de 0,845 e 0,739.

As PMEs da amostra têm um baixo nível de maturidade das práticas enxutas. A prática Lean mais madura para esta amostra foi o 5S. A análise de correlação canônica entre as três variáveis de desempenho operacional e as seis práticas enxutas investigadas apontou que a flexibilidade é a variável de desempenho operacional mais relevante em relação aos efeitos das práticas enxutas. Em relação às práticas de manufatura enxuta, a redução do tempo de setup (SMED) destaca-se como a maior contribuição ao desempenho operacional, seguida do gerenciamento visual e do 5S.

As práticas com a maior média de maturidade nas empresas pesquisadas foram o 5S, o gerenciamento visual e o just-in-time, porém, destas, apenas o gerenciamento visual contribui para o aumento do desempenho operacional. Por outro lado, o SMED, que apresentou a menor média da amostra, é a prática que mais contribui para o aumento do desempenho. Uma boa notícia para as PMEs é o fato de que práticas tão simples e de baixo custo como o SMED e o gerenciamento visual, podem trazer resultados no curto prazo para o desempenho operacional.

DOS SANTOS BENTO, Graziela; TONTINI, Gérson. Developing an instrument to measure lean manufacturing maturity and its relationship with operational performance. Total Quality Management & Business Excellence, p. 1-19, 2018 GODINHO FILHO, M.; GANGA, G. M. D.; GUNASEKARAN, A. Lean manufacturing in brazilian small and medium enterprises: implementation and effect on performance. International Journal of Production Research. v. 54, n. 24, 201, p. 7523-7545, 2016 SHAH, R.; WARD, P. T. Defining and developing measures of lean production. Journal of Operations Management. v. 25, n. 4, p. 785-805, 2007