Resumo

A pesquisa em história da contabilidade oferece grandes oportunidades para o desenvolvimento do conhecimento empírico sobre o funcionamento dos sistemas contábeis, bem como para aperfeiçoar a teoria contábil (Carmona, 2017). Compreender o passado da contabilidade pode aumentar nossa compreensão do pensamento e da prática contábil contemporânea e, assim, fortalecer nossa apreciação das dimensões e impactos sociais da contabilidade em indivíduos, organizações e sociedade, permitindo avaliar a contabilidade em seus modos atuais de operação com mais eficiência (Gomes et al., 2011).

A partir do Ato Adicional de 1834, que emendou a Constituição, com reformas, que deixava o ensino elementar, secundário e de formação dos professores a cargo das províncias, verifica-se também o ensino da contabilidade, em escolas de ensino primário e secundário. Nesse contexto, surgiram algumas questões: Porque a escrituração contábil era ensinado nessas escolas? Quais conhecimentos curriculares eram desenvolvidos para a formação dos alunos? Dessa forma, a pesquisa em desenvolvimento, tem a expectativa de contribuir para a literatura sobre o ensino contábil no Brasil.

No Brasil, alguns aspectos históricos da contabilidade, particularmente, os momentos iniciais da educação contábil permanecem desconhecidos (Ricardino, 2001). A literatura relacionada a história do ensino da contabilidade, vem sendo desenvolvida por alguns pesquisadores (Peleias et al., 2007; Peleias & Bacci, 2004; Ricardino, 2001; R. Silva, 2016; Soares et al., 2011). No entanto, limitam-se a a criação da cadeira de ciências econômicas, aulas de comércio, criação do Instituto Comercial do Rio de Janeiro.

A pesquisa realizada é classifica como exploratório-descritiva, tendo-se feito uso de fontes bibliográficas e documentais no que tange aos procedimentos técnicos utilizados. As fontes consultadas para execução da pesquisa são de natureza primária e centram-se nas Leis, Decretos e Regulamentos sobre a educação nas províncias além de consultas em jornais impressos que circulavam nas províncias no século XIX, localizados no website da BNDigital. O acervo de periódicos da BNDigital é composto por jornais, revistas, anuários, boletins e publicações seriadas.

Mesmo após a independência do Brasil, as aulas de comércio continuaram a existir, porém algo que se destaca é que o ensino da contabilidade também era ensinado, através das escolas de ensino primário e secundário. A partir dos textos e material didático disponíveis, é evidente que o assunto focalizou, quase exclusivamente, em vários aspectos da contabilidade de partidas dobradas, e não no que descreveria agora como assuntos contábeis. A ênfase estava muito no aprendizado da regras de partidas dobradas, e não na explicação ou na teoria subjacente.

Duas conclusões emergir da discussão acima. Primeiro, essas habilidades de contabilidade (baseadas em uma base proeza aritmética), mesmo que primitiva para os padrões modernos, com um conhecimento necessário. Este atributo teria sido útil para muitos na brasileiros obtenção de emprego como balconistas ou no serviço público durante o século XIX. A segunda conclusão é que o conhecimento das habilidades de contabilidade era uma ferramenta pessoal e portátil e valioso recurso. Além disso, foi um recurso valioso, pois alguns encontraram emprego como funcionários públicos e auxiliares do comércio.

Ricardino, Á. (2001). A metafísica da contabilidade comercial e a história das aulas de comércio. In Congresso USP de Controladoria e Contabilidade Peleias, I. R., & Bacci, J. (2004). Pequena cronologia do desenvolvimento contábil no Brasil: Os primeiros pensadores, a padronização contábil e os congressos brasileiros de contabilidade. Revista Administração on Line--FECAP, 5(3), 39–54. Peleias, I. R., Silva, G. P. da, Segreti, J. B., & Chirotto, A. R. (2007). Evolução do ensino da contabilidade no Brasil: uma análise histórica. Revista Contabilidade & Finanças, 18(SPE), 19–32.