Resumo

Nos últimos anos, observa-se uma variedade de estudos voltados para a análise de projetos de pesquisa colaborativa, uma das formas de interação entre universidades e empresas. Há uma série de desafios para o gerenciamento de projetos deste tipo, já que estes são marcados por incertezas e riscos, multiplicidade de atores envolvidos com diferentes responsabilidades e pressões relacionadas à criatividade do trabalho produzido, sendo necessário o cuidado com as particularidades de cada projeto para a garantia do seu sucesso.

Este trabalho possui como objetivos compreender como se estrutura o gerenciamento de projetos de pesquisa colaborativa entre universidades e empresas e como a noção de critérios de sucesso em projetos pode ser aplicada no contexto desse tipo de parceria, buscando contribuir para a discussão sobre a melhoria do desempenho em projetos dessa natureza, uma vez que esse tema tem ganhado relevância crescente.

Interação entre Universidade-Empresa: diretamente relacionada às transformações econômicas e sociais ocorridas nos últimos anos, que trouxeram uma série de desafios para ambas (MAIETTA, 2015; PHILBIN, 2008; RAJALO; VADI, 2017; RYBNICEK; KÖNIGSGRUBER, 2019; SIEGEL et al., 2003). Sucesso em Gestão de Projetos de Pesquisa Colaborativa: vai além da noção triangular de tempo, custo e qualidade/escopo, englobando questões relacionadas ao objetivo do projeto, resultados para o negócio, satisfação dos públicos interessados e o contexto no qual o projeto é executado (FERNANDES et al., 2018).

Foi adotada a metodologia de estudo de casos múltiplos, de natureza qualitativa e exploratória, sendo selecionados projetos de pesquisa colaborativa desenvolvidos entre empresas e universidades. Primeiramente, optou-se pela formulação de um quadro de análise para a pesquisa, constituído a partir da revisão teórica, com o objetivo de traçar relações entre variáveis e fatores a serem estudados (VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002). Estabeleceu-se também a coleta de dados com fontes primárias (entrevistas com roteiro semiestruturado) e secundárias (análise de documentos).

Os resultados reforçam a não utilização de ferramentas de gerenciamento de projetos por seus executores, a importância dos critérios de sucesso que constam no quadro de análise proposto para esta pesquisa e a relevância de dois outros elementos não presentes neste: (1) a autonomia do pesquisador para o desenvolvimento de seu trabalho e (2) o papel de agências de fomento para estimular este tipo de parceria, evidenciando, dessa forma, oportunidades de contribuição para a discussão proposta.

Observou-se que os fatores nos modelos prévios são considerados importantes para o sucesso de um projeto, mesmo que não inteiramente aplicados na rotina do projeto (por exemplo, a questão do gerenciamento do projeto, feito em alguns casos sem a utilização de ferramentas específicas). As saídas do projeto são vistas como o principal critério de sucesso, representadas pelas entregas realizadas para a sociedade e a organização envolvida. Além disso, detectou-se a importância de incluir a gestão de partes interessadas neste tipo de colaboração.

BARNES, T. A.; PASHBY, I. R.; GIBBONS, A. M. Managing collaborative R&D projects development of a practical management tool. International Journal of Project Management, v. 24, p. 395– 404, 2006. LIPPE, S.; VOM BROCKE, J. Situational Project Management for Collaborative Research Projects. Project Management Journal, v. 47, p. 76–96, 2016. RYBNICEK, R.; KÖNIGSGRUBER, R. What makes industry–university collaboration succeed? A systematic review of the literature. Journal of Business Economics, v. 89, p. 221–250, 2019. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2005.