Resumo

O Projeto “Empreendedorismo de Impacto Social a partir das Indústrias Culturais e Criativas (EISICC)” foi aprovado em edital da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária. A proposta aprovada teve o objetivo de mapear criadores das Zona Oeste e Leste de São Paulo que se encaixem em algum dos núcleos de Indústrias Culturais e Criativas. A partir das necessidades dos criadores foram definidos temas para oficinas de formação adequadas às necessidades dos mesmos a serem realizadas ao longo de 2020 e 2021.

O problema de pesquisa é identificar as dificuldades e necessidades de criadores/ empreendedores criativos das Zonas Oeste e Leste de São Paulo quanto ao empreendedorismo e gestão de seus negócios. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é subsidiar os temas das oficinas de formação prática para os problemas identificados.

Nesta proposta partiu-se de autores como Yúdice (2013), Miguez (2008) e Howkins (2013) para definir o escopo da economia criativa, a partir da compreensão da atual etapa do capital, e o relatório da FIRJAN (2019) para situar as indústrias criativas no Brasil. Pessanha (2019), Campanholo, Fontes e Silva (2010) e O Giro (2018) permitiram compreender as especificidades do empreendedorismo na periferia, suas características, seus obstáculos e potencialidades.

Adotou-se o método de pesquisa-ação, com o primeiro ciclo baseado em levantamento teórico e empírico (mapeamento de empreendedores criativos da periferia e pesquisa qualitativa, com a técnica de entrevistas em profundidade. O segundo ciclo, já iniciado, está apoiado em reuniões remotas (lives) com o grupo de pesquisa e os entrevistados que aceitaram participar das formações que será desenvolvida em 4 módulos, prevendo-se 12 encontros, cujos temas foram definidos a partir das entrevistas: Gestão de Negócios; Comunicação; Empreendedorismo e Economia Criativa; e Formação de Pessoas.

Até o momento foi possível realizar entrevistas com 31 criadores das periferias das Zonas Leste e Oeste da capital de São Paulo. A partir dos dados qualitativos obtidos foi possível montar um plano de ação para as oficinas. Foram organizadas também 2 reuniões on-line com os criativos entrevistados, nas quais identificou-se a prioridade dos conteúdos de Comunicação, pois a pandemia exigiu que muitos remodelassem seus negócios para atendimentos 'on-line'.

Os resultados parciais aqui apresentados mostram um movimento duplo, o da universidade quebrando a barreira epistemológica em relação à comunidade, aprendendo e se transformando com ela; e o segundo se apropriando do conhecimento que muitas vezes é produzido sobre suas realidades, mas que não têm acesso ao conhecimento gerado. Para além disso, a pesquisa-ação permite uma construção conjunta, portanto, é a comunidade empreendedora das periferias que também estão produzindo conhecimento.

CAMPANHOLO, T.; FONTES, G. G. de O.; SILVA, A. A. da. A Riqueza na Base da Pirâmide: inclusão social pelo consumo e criação de novos mercados. Revista da Católica, Uberlândia, MG, v. 2, n. 3, p. 6-20, 2010. HOWKINS, J. Economia criativa: como ganhar dinheiro com ideias criativas. São Paulo: M.Books, 2013. JEFFCUTT, P. O ecossistema das indústrias criativas. In: WOOD Jr., P. F. et al. (Org.). Indústrias Criativas no Brasil. São Paulo: Atlas, 2009. YÚDICE, G. A Convivência da Cultura: usos da cultura na era global. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.