Resumo

Título do Artigo

A GENTE VAI LEVANDO: fatores que influenciam a saúde financeira no terceiro setor brasileiro, pela análise das fundações privadas de Santa Catarina e Mato Grosso
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Palavras Chave

Terceiro setor
Saúde financeira
Fundações privadas

Área

Administração Pública

Tema

Gestão Social e Organizações do Terceiro Setor

Autores

Nome
1 - Olivia Maurício Dornelles
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ) - PPGCC
2 - MARCELO ALVARO DA SILVA MACEDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ) - PPGCC - Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

Reumo

As fundações privadas recebem verbas públicas diretas e indiretas, sendo assim patrocinadas por toda a sociedade. Por isso, seria importante analisar, a partir de suas DFs, a capacidade financeira para continuar suas atividades, mantendo-as ou ampliando-as. Porém, diferente do setor lucrativo em que prejuízos constantes podem levar à falência da empresa, esse conceito de falência não pode ser aplicado da mesma forma ao setor sem fins lucrativos, que consegue "ir levando", apesar dos resultados deficitários, talvez através de campanhas de arrecadação esporádicas, como especulou Bowman (2011).
O problema é que algumas fundações apresentam, por exemplo, resultados contábeis negativos em vários anos seguidos, e é preciso conhecer as possibilidades de continuidade ou não das atividades delas, e também saber o que pode ser modificado de maneira mais eficiente para garantir a sustentabilidade dessas instituições. Sendo assim, o objetivo geral dessa pesquisa é verificar a saúde financeira das fundações privadas catarinenses e mato-grossenses, para, a partir desse parâmetro, indicar características intrínsecas e também extrínsecas que podem afetar aquela saúde financeira.
Tuckman e Chang (1991) inauguraram uma linha de pesquisa sobre a vulnerabilidade financeira de entidades sem fins lucrativos, justificado pelos volumes financeiro e de empregos que tais instituições do terceiro setor têm até hoje nos Estados Unidos da América (EUA). Bowman (2011) considerou duas características que compõem a saúde financeira de uma ESFL – capacidade e sustentabilidade – e as definiu em dois períodos temporais – curto prazo e longo prazo – produzindo assim quatro indicadores financeiros. O conjunto dessas quatro informações determinaria a saúde financeira de uma entidade.
Cada um dos dois índices de saúde financeira, curto prazo e longo prazo, é composto por três categorias: baixa (número zero), média (um) e alta (dois). Como há três opções a serem analisadas em cada uma das duas variáveis dependentes, o procedimento estatístico selecionado foi a regressão logística multinomial, que verifica a importância de cada variável independente (características das fundações privadas estudadas) na probabilidade de determinar em qual nível de saúde financeira cada observação está.
Fatores tais como rentabilidade, endividamento, liquidez e nível de receitas próprias são determinantes da saúde financeira tanto pela perspectiva de curto quanto de longo prazos. Porém, indicadores ligados ao nível de despesas e de imobilização impactam apenas a saúde financeira no curto prazo, enquanto o nível das receitas e a necessidade de capital de giro só impactam no longo prazo. Esses resultados confirmam apenas parcialmente a hipótese de pesquisa que supôs, em caráter geral, que o conjunto de indicadores no curto e no longo prazos seriam distintos.
Esta pesquisa trouxe a discussão sobre saúde financeira para o contexto das fundações privadas brasileiras e definiu um índice que pôde funcionar como proxy para essa variável. Comparou métricas usadas em pesquisas em outros países, e encontrou fatores internos e externos às instituições (tais como rentabilidade, endividamento, liquidez, proporção de receitas próprias – para o curto e longo prazos - nível de despesas e imobilização para o curto prazo e nível de receitas e capital de giro para o longo prazo) que caracterizam a saúde financeira das mesmas.
BOWMAN, Woods. Financial capacity and sustainability of ordinary nonprofits. Nonprofit Management & Leadership, v. 22, n. 1, p. 37-51, Fall, 2011. BOWMAN, Woods; TUCKMAN, Howard P.; YOUNG, Dennis R. Issues in nonprofit finance research: surplus, endowment, and endowment portfolios. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, v. 41, n. 4, p. 560–579, 2012. TUCKMAN, Howard P.; CHANG, Cyril F. A Methodology for Measuring the Financial Vulnerability of Charitable Nonprofit Organizations. Nonprofit and Voluntary Sector Quarterly, v. 20, n. 4, p. 445–460, 1991.